Verdade!... Os buracos nas ruas são um incômodo. Quando chegam as chuvas então eles arruinam a cidade. Entretanto, o que mais me incomoda é a percepção unilateral dos administradores de nossas cidades, belas ou não.
Onde está a unilateralidade?
Naquela mesma percepção de quem está na direção de um automóvel sem retrovisor, e com os vidros laterais tapados, sentiram o drama?
Poderia dizer também naquela visão de quem nunca anda a pé.
Para estes ou estas, sugiro que se aventurem a sair por uma calçada qualquer de sua cidade....
Desfrutem a percepção dos transeuntes...
Sintam-se como uma criança brincando de amarelinha pulando de buraco em buraco (nas calçadas em frente às suas casas)
Façam-se de atletas saltando obstáculos das calçadas em frente às lojas do centro cheias de interessantes obstáculos tais como: automóveis, bicicletas, orelhões, caixas, carrinhos de vendedores, mercadorias desde aquelas vendidas por camelôs até aquelas expostas por conceituadas lojas. Tem de tudo, de tabuleiros com pares de meias a guarda-roupas e geladeiras.
Imaginem-se homens e mulheres comuns, correndo atrapalhados zigue-zagueando nas calçadas que por lei são passeio público, entre entulhos, lixões, buracos, mercadorias, veículos estacionados, tudo obstruindo justamente a estreita faixa que resta a nós, reles cidadãos e cidadãs que pelejamos por andar a pé...
Obrigados a descerem muitas vezes para o asfalto... se sucumbirem atropelados a culpa é do pobre ou da pobre que não tem juízo por andar no meio da rua. Ah, mas também há outro culpado: o buraco no meio da rua!....
Se conseguirem, imaginem-se como alguém da terceira idade... tentando se deslocar de sua residência até a padaria da esquina ou à farmácia mais próxima pelas vias "públicas" que lhes são disponibilizadas...
Bem, espero que esta reflexão sirva de alguma forma para que os administradores municipais repensem suas responsabilidades para com a cidadania. Revejam conceitos e percepções.
Após isso, posicionem-se de maneira diferente. Não sejam envolvidos pela visão da sociedade do automóvel onde apenas os buracos no asfalto são vistos. Uma sociedade onde um artefato de ferro, plástico e vidro vale mais que a vida em carne e osso não pode ser sustentável e muito menos exibir qualquer beleza...
Desculpem o romantismo....
Paulo Maciel