O Sabonete - Sapindus saponaria L. também conhecida pelos nomes árvore-do-sabão, fruta-de-sabão, ibaró, jequiri, jequiriti, jequitiguaçu, pau-de-sabão, pau-sabão, sabão-de-macaco, sabão-de-mico, sabão-de-soldado, sabãozinho, Saboeiro, saboneteira, saboneteiro, salta-martim e saponária é uma árvore que pertence à família Sapindacea e tem uma altura de aproximadamente 8m e diâmetro de copa de até 6m, é de grande beleza tendo suas folhas permanentes o que a torna indicada para arborização urbana. Sua época de floração acontece no mês de outubro. A frutificação da árvores coincide, portanto, com as cheias o que garante sua disseminação ao cair dos frutos no período chuvoso. Ocupa as margens e várzeas de rios e riachos da caatinga e há ocorrência da espécie em vários ecossistemas tropicais do país e do continente americano de norte a sul.
Conhecida desde muito tempo pelas populações nativas que ocupavam nossa região e aprenderam a utilizar os frutos nos seus banhos, como forma de fazerem sua assepsia, pois estas já conheciam os efeitos na eliminação de coceiras, ácaros, fungos e também sujeiras devido ao afeito aglutinador das saponinas presentes nestes.
Os frutos do Saboeiro ou Sabonete eram encontrados facilmente às margens de lagoas e córregos pois esta é a estratégia de disseminação da árvore. O frutinho boia na água como fosse uma bolinha de isopor e vai passeando até encontrar um lugar apropriado para germinar e originar outra árvore. Na entrecasca possui uma polpa incrustada numa micro-bucha que envolve o caroço duro (semente). Ao esfregarmos no corpo com as bolinhas forma-se espuma devido as substâncias saponáceas presentes e produz o mesmo efeito dos sabonetes industriais e com a vantagem de não possuir as substâncias químicas poluentes. É como se fosse um 3 em 1 natural. Sabonete, bucha de esfregação abrasiva e antisséptico, acaricida e fungicida.
Eu mesmo, quando criança, cheguei a tomar banho com estes frutos quando subíamos pelo Rio Jaguaribe nas excursões habituais dos meninos de minha época. Esfregávamos os frutos com água sobre os cabelos e todo o corpo e estes produziam umas espuma suave com um agradável cheiro silvestre, aliviando coceiras e limpando muito bem. Depois do banho juntávamos os caroços e os utilizávamos nas brincadeiras como bolinhas de gude (bilas) ou ainda nas baladeiras contribuindo intuitivamente com a dispersão da árvore.
O município de Saboeiro, estado do Ceará, localizada no sertão dos Inhamuns, a aproximadamente 462,8km da capital Fortaleza recebeu este nome em homenagem à árvore pois neste município a mesma era abundante e seu uso era conhecido pelos indígenas antigos habitantes da região. Entretanto, segundo habitantes do município, o Saboeiro se encontra atualmente em estado de extinção no município ao qual presenteou com seu nome e todos os benefícios para os primitivos habitantes quando não se conhecia farmácias nem sabonetes industriais.
Hoje em dia algumas pessoas da cidade já se preocupam com a preservação da árvore que faz parte da cultura da cidade. “Afinal, muitos se perguntam o que dirão a seus filhos e netos quando eles perguntarem sobre está árvore, como é, para que serve, entre outras perguntas, de dificil resposta para quem não sabe responder. Se o cultivo dessa árvore não for preservado, que resposta será dada?”
Para a professora saboeirense Ednuza Maciel “ a população de Saboeiro não pode ficar indiferente a essa causa, e deixar que parte de seu patrimônio histórico desapareça, sem mesmo ter tentado preservar". Ednuza informa que "professores e alunos do 6º ano da escola municipal Manoel Gonçalves dos Santos estão elaborando um projeto para refazer o plantio do Sabonete através do plantio das sementes e mudas da planta na área urbana da cidade e nas margens do Rio Jaguaribe, onde a planta era encontrada antes em grande abundância, pois não podemos deixar que essa história acabe".
Este texto foi produzido com a colaboração de Ednuza Maciel - professora de Saboeiro C
Paulo Maciel - paulomaciel69@hotmail.com
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