Seja bem vindo!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

TRAGÉDIA ANUNCIADA

Há algumas semanas, escrevia uma crônica “Os buracos estão mais em cima” que foi publicada neste blog. Quem se deu ao trabalho de ler, pode agora ver que o que eu chamava atenção era como um prenúncio do que estava por vir. Infelizmente. Quisera eu que fossem apenas palavras e que jamais houvesse algo de real a vir acontecer daquilo que previra a pequena crônica.
Chamava a atenção para as pessoas que tomam decisão nos municípios acerca da questão pedestres x automobilistas. Focava no âmbito da civilização dos automóveis, o quanto os valores básicos de respeito à vida são esquecidos e o quanto são supervalorizados os espaços destinados ao trânsito de automóveis.
Apelava naquele artigo para que as pessoas que estão em postos que podem influenciar no sentido de mudar esta lógica perversa e anti-cidadã, interviessem através do poder que têm, fazendo valer uma lei que se torna letra morta (a Lei do Trânsito). Pedia que se colocassem (os administradores das cidades) nos lugares comuns da cidadania que anda a pé, ensaiassem (eles ou elas) sair um pouco por aí tentando trafegar pelas nossas calçadas (nossas e não dos automóveis).
Será que algum administrador público leu o que escrevi? Ou pelo menos algum possuidor de automóvel? Recebi alguns valorosos comentários vindos de alguns conhecidos, infelizmente suspeitos, pois são amigos ou amigas e também (como eu) são comuns pedestres...
Ontem, porém, vi pasmo, acontecer na prática, o que anunciara há poucas semanas na crônica. A comprovação de que os buracos estão mais em cima. Aquele “dono de carro” que atropelou uns tantos ciclistas de forma maldosa simplesmente por que estes estavam obstruindo a passagem de um veículo. Isto aconteceu em Porto alegre.  Justamente com cidadãos que protestavam contra falta de espaço para circular de bicicleta. Vocês atentaram para esta notícia?
Agora eu pergunto: Onde estão os buracos? Será que eles que estão nas consciências dos administradores públicos? Na prepotência de quem se sente “dono do mundo” por guiar um carro? Ou será que os buracos estão no modelo de desenvolvimento onde  fabricar carros e asfaltar ruas engordam os números do PIB?
Por acaso alguém tem a estatística de quantas pessoas comuns (ciclistas ou pedestres) morrem no Brasil por atropelamento?
Sinceramente...  custear tratamento de acidentados também aumenta o PIB... Mas quantos reais adentram ao PIB o fato de alguém passear pela sua rua a pé ou de bicicleta? Quanto reais vão para o PIB o fato de um trabalhador ou um estudante de deslocar de bicicleta ou a pé? Alguém já fez esta conta?
Abraço e vamos fazer passeios em toda parte!
Paulo Maciel

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Xanana Turnera ulmifolia (L.). Erva que aparece no período chuvoso naqueles terrenos compactados. Boa produtora de própolis e portanto indicada como suporte apícola. Tem uso medicinal popular, que está sendo validado por várias pesquisas científicas.
Além de ser recuperadora de solos degradados mediante o enraizamento que conduz água ao interior, melhorando a infiltraçao e diminuindo impacto das chuvas bem como reduzindo o escoamento superficial, areja e incrementa a micro-vida dos solos.
Sua beleza é fundamental  na paisagem.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

INTERCAMBIO DE FRUTOS DA AGROECOLOGIA

O Instituto Rio Jaguaribe está lançando uma proposta interessante:
Cadastrar agricultores familiares que desenvolvem ou se interessam pela agroecologia ou sistemas agroflorestais no intuito de colocá-los em contato com consumidores conscientes que buscam produtos de origem agroecológica. Este cadastro dará uma dimensão das potencialidades de intercambio de produtos bem como da demanda potencial por estes.
Os interessados devem enviar email para : institutoriojaguaribe@yahoo.com . Produtores devem informar nomes, endereços e contatos, tipos de produtos que interessam intercambiar. Os consumidores devem listar os produtos que lhe interessem.
Bom desfrute.
Paulo Maciel

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Exposição em Estocolmo questiona papel do lixo na sociedade

ESTOCOLMO — A exposição "Lixo", do museu Nordiska, de Estocolmo, mostra que nossos dejetos relatam uma história onde se entrecruzam etnologia, ecologia e, inclusive, sentimentos, não mostrando a Mona Lisa, mas dejetos domésticos, como uma velha embalagem vazia de leite.
"Somos etnólogos e nos interessamos sobre como as pessoas vivem e, por isso, consideramos interessante saber como se comportam diante de seu lixo", afirmou Christina Matsson, diretora deste museu do centro de Estocolmo, que abre suas portas a uma pequena exposição sobre o tema.
A primeira tese comprovada é que as épocas em matéria de lixo mudaram.
Aqui, calças de tecido barato são usadas, costuradas, remendadas, até que acaba sendo usada para isolar um tapume.
Mais à frente, um jeans de 2010, de uma marca sueca da moda, industrialmente "pré-usado", rasgado com uma advertência que diz "novo" e com o slogan: "pela metade do preço, mas com o dobro de imagem".
Como contraste, pode ser vista uma modesta boneca da Lapônia, confeccionada com um simples lenço vermelho e uma velha cortina. Uma frase logo diz: as crianças suecas de hoje têm em média 536 brinquedos durante a infância.
Toalhas higiênicas de lã, porcelana reconstruída com grampos metálicos, tapetes e coletes fabricados com restos de tecidos.
A partir de 1920 e até os anos 1980, chega a era da lata de lixo, quando tudo era jogado fora. Até que a ecologia trouxe uma mudança de mentalidade, com o desenvolvimento do saco de lixo nos anos 1960, até a aparição da coleta seletiva.
Hoje, um sueco joga fora cerca de meia tonelada de lixo por ano (três vezes menos que um americano), incluindo a "produção" de seu domicílio, e por isso, "há perguntas difíceis que devemos nos fazer", afirmou Lena Landerberg, curadora da exposição.
"Por que guardamos, porque jogamos fora? Por que uma coisa é lixo para uns e não é para outros? O lixo, às vezes, é um ponto de vista", completou.
A exposição temporária está incluída na tarifa de entrada do museu (nove euros) e está aberta até 25 de setembro em Estocolmo.

Comissão de Meio Ambiente será presidida por ruralista

PARA NOSSA TRISTEZA...

Posto a matéria a seguir como informe e ao mesmo tempo chamando a atenção sobre esta questão. A decisão da Câmara demonstra como está a correlação de forças: meio ambiente x posições retrógradas que teimam em não ver o óbvio.Boa leitura.

Paulo Maciel

 

23 de fevereiro de 2011 | 19h 29

DENISE MADUEÑO - Agência Estado
Em meio às discussões na Câmara para a aprovação de um novo Código Florestal, os ambientalistas sofreram uma derrota na distribuição do comando das comissões permanentes da Casa entre os partidos políticos. O PV não conseguiu assegurar a presidência da Comissão de Meio Ambiente, entregue pelo PDT ao deputado ruralista Geovani Cherini (PDT-RS).


A escolha dos cargos segue a ordem do tamanho das bancadas partidárias e, pela regra, o PDT - com 27 deputados - chegou na frente. O bloco formado pelo PV e pelo PPS soma 24 deputados. Esse bloco comandará a Comissão de Defesa do Consumidor.

"Foi feito um acordo e no próximo ano a Comissão de Meio Ambiente será do Partido Verde. Será feita uma espécie de rodízio", afirmou o líder do PV, deputado Sarney Filho (MA). "Na tradição recente a comissão tem sido presidida pelo setor ruralista. Espero que seja escolhida uma pessoa que tenha relação com a questão ambiental", disse Sarney Filho, ao sair da reunião do Colégio de Líderes que definiu a escolha das comissões.

Nas mãos dos ruralistas, ficou também a Comissão de Agricultura. Coube ao DEM indicar o nome: o do deputado Júlio Cesar (DEM-PI). O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entidade que acompanha os trabalhos do Congresso, inclui o nome de Cherini e de Júlio Cesar na bancada ruralista formada por 141 deputados e 18 senadores. O Diap classifica como integrante dessa bancada o parlamentar que assume sem constrangimento a defesa dos pleitos do setor, mesmo não sendo proprietário rural ou da área de agronegócios.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

INDICADORES COMPORTAMENTAIS DE FORMIGAS PARA PREVISÃO DE CHUVAS

 As formigas lava-pés e pinga-fogo tem um hábito interessante. Elas saem de suas galerias subterrâneas das terras mais baixas e constroem galerias de alto relevo sobre o chão atravessando caminhos de um lado para outro sempre buscando terrenos mais elevados.
O que procuro destacar nesta observação é que este trabalho sempre antecede às chuvas. Tenho observado que quando estas formigas iniciam suas obras, invariavelmente chove nos próximos 3 dias. Quanto mais apressadas elas estiverem, mais rápido virá a chuva. Se aguçarmos bem nossa observação, seremos capazes de prever chuvas horas antes. As fotos ao lado, ilustram os caminhos construídos entre 2 e 3 horas antes da chuvas. O formigueiro estava muito estressados, parte trabalhava carregando os glomérulos de terra freneticamente e depositando sobre as paredes, enquanto outras passavam em direção ao ponto mais alto do terreno. As fotos acima foram feitas na localidade de Carnaúba, distrito de Alencar, Iguatu Ce, Brasil no dia 20/02/2011.
Paulo Maciel

Histórias da Clarisse

Era uma vez....
Um gato que passeava e um passarinho voava nos pés de cana.
Os gatos pulavam e tomavam banho na água e depois dormiam... Eles se chamavam Miguel e Pompom.
Só as  galinhas que só dormiam de noite. As galinhas de mãe se chamavam Maricota e Julieta... E  o pintinho  se chamava Maclei...
Depois o Miguel cantou a música chamando o pompom "boneco de lata tacou o rabo no chào"... E atravessaram o rio e dormiram.
De tarde não tinha escola e eu sou a Clarisse e por isso que estava no meio deles.
Então, os gatos deram boa noite e foram dormir.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Correspondências com o Norte

News from Eco-comunidade Carnaúba
Hello my friend Arvid
I am so glad listen news from you and Birgitta....
Now I am at my small farm.  The rice is growing very well in spite of some caterpillar. The rains comes enough and in good way.
I am surrounded by my daughters and my wife is preparing a coffee  while birds sing very nice sounds.
Regards to Birgitta and  you
Paulo, Aparecida, Clarisse, Ludmila, Shimon

Re: News from Eco-comunidade Carnaúba

It was good to hear from you and your family... It sounded good to hear that your birds are singing. Over here
in Stockholm it is about minus 10 and plenty of snow. But in a few months our birds will also start to sing. When
I told Birgitta about your message then she said that I must send my regards to all of you... She remembers her
visit to Ceara with warmth
Have a good and sunny day
Arvid

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Muitas lagartas

Durante minhas viagens, no início das chuvas deste ano (janeiro/2011), observei uma população incomum de borboletas e mariposas. Viajo muito de moto. É inevitável o encontro com as borboletas pelas estradas. Adentrando nas áreas agrícolas também visualizei com muita frequencia quantidade e variedade incriveis destes insetos. Pensei comigo: tanta borboleta, ano de muita lagarta nas lavouras. Agucei a percepção e vi que esta ocorrência estava ligada às áreas abertas para pastagens (invarievelmente ou predominantemente formada por capins)

Vamos pensar sobre isso. Gostaria de receber opiniões ou idéias dos leitores afetos a agroecologia a respeito do assunto.
Paulo Maciel

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS

Eu li este trecho em uma matéria de jornal Campo Grande News:
"Agricultores de MS devolveram 2 mil ton de embalagens de agrotóxico em 2010 Agricultores de Mato Grosso do Sul devolveram 2.174 toneladas de embalagens de agrotóxicos em 2010, conforme dados do inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), que representa as indústrias fabricantes, retirando esses materiais do meio ambiente".
A pergunta é:
Porque não vemos coisa semelhante em nosso estado?
As leis existem, os orgãos fiscalizadores também, entretanto as embalagens de agrotóxicos diariamente são atiradas em qualquer terreno, dentro de córregos e açudes, quando não são reutilizadas para armazenar até produtos alimentícios, carregar água, leite, e por aí vai.
Precisamos com a maior urgência acordar para este problema. As empresas que comercializam estes produtos devem por em funcionamento o sistema de recebimento das embalagens. Uma maneira bastante interessante seria incentivar os agricultores a devolverem suas embalagens mediante o pagamento de um valor por cada vasilhame devolvido.
O que fazer com tais vasilhames, uma vez coletados? As empresas de um município, ou prefeituras, podem juntar tudo e remeter de volta aos fabricantes. Dessa vez, a empresa que fabrica poderia pagar aos remetentes um preço por vasilhame devolvido.
Entenderam a lógica?
Quando compramos qualquer mercadoria, pagamos também pela embalagem da mesma. Quem recebe este valor é, no final, o fabricante. Nada mais justo que ele devolva à origem o valor da embalagem. Afinal, se vende ou compra o que está dentro, não a embalagem.
Mas cá pra nós, o melhor mesmo é pararmos de comprar estes venenos que arruinam nossa natureza e nossa saúde.
Paulo Maciel

Esperança do menino

(Coletei este poema no blog Jardim Poético de Fernanda Dort http://jardimpoetico.blogspot.com/2010/03/esperanca-do-menino.html e peço a ela permissão para publicá-lo aqui. Lá existem muitas dessas flores a serem apreciadas...)

Filhos de um passado
presente nesta realidade
que se apresenta na Terra.

Filhos de um tempo
remoto que esperamos
da esperança.

Crianças que sorriem
no chão de areia
desmanchada com o sopro do vento

Criança que clama por
esperança,
aquela que não morre
a caminho para a escola.

A dança da esperança,
suspiro da criança
que chora por dentro
pedindo colo,

súplicas de Amor nos olhos do menino...


que chama atenção fazendo travessuras
te chama para compartilhar
a descoberta da semente
desse viver

Era uma vez já foi..
a direção ao Sol
é o agora
da esperança
do menino

Esse menino
que chora,
chora por um sonho
sorrindo

pronto para um novo dia.

e o menino crescido
é a realidade
estampada
nas páginas
de um livro
que ainda
não terminou
de ser escrito.

Porque manchetes
de tristeza diluem
a esperança
do menino,
de ser homem feito
na pureza
de envelhecer
com consciência.

28.01.10
Sabiaguaba - CE

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Código Florestal

Por falar em florestas...
Como fica a novela do Código Florestal Brasileiro?
Qual a posição do parlamentar que você votou a respeito do assunto?
O Código Florestal Brasileiro tem muitas lacunas, mas é melhor que nada. Deixarmos que os representantes do agronegócio retrógrado jogue-o na lata do lixo é um recuo histórico de 100 anos na proteção ao patrimônio genético e da biodiversidade brasileira.
Aproeveitemos a conjuntura inrternacional favorável (ano internacional da floresta) e vamos às ruas em defesa da nossa biodiversidade.
Nenhum recuo no código florestal, pelo cumprimento da lei ambiental brasileira!
Avançar na proteção de nossas florestas é preciso!
Paulo Maciel

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ano Internacional de Florestas

Por Ana Flora Caminha (MMA)
As Nações Unidas declararam 2011 como o Ano Internacional de Florestas e o Ministério do Meio Ambiente prepara uma programação de eventos para aumentar a conscientização sobre a importância das florestas para as pessoas, com destaque para a conservação, o manejo e o desenvolvimento sustentáveis. "Florestas para as pessoas" é o tema do Ano, que será lançado no dia 24 de janeiro, em Nova Iorque (EUA), durante a 9ª Sessão do Fórum das Nações Unidas para Florestas (UNFF, sigla em inglês).
A logotipo preparada pela ONU mostra o papel fundamental das pessoas na conservação e exploração sustentável das florestas, que garantem moradia para pessoas, hábitat para a diversidade biológica e estabilidade para o clima mundial, além de serem fonte de alimentos, medicamentos e água potável.
Em todo o mundo, as florestas cobrem 31% da área terrestre, servem de casa para 300 milhões de pessoas e garantem a sobrevivência de 1,6 bilhão de pessoas. O Brasil, segundo país com a maior extensão florestal do planeta, atrás apenas da Rússia, tem 516 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas, o que equivale a 60,7% do território nacional, de acordo com dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB).
Dentre as funções prioritárias definidas pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a maior parte das florestas brasileiras - 190.119.140 de hectares - ainda tem uso prioritário desconhecido ou indefinido, seguido pelos 128.244.660 hectares das reservas extrativistas, reservas de desenvolvimento sustentável - unidades de conservação de uso sustentável - e terras indígenas, consideradas função prioritária de serviço social, por incluir populações indígenas e comunidades tradicionais entre as beneficiárias do uso da floresta.
O restante da área de florestas está dividida entre os seguintes usos: 85.148.800 de hectares para proteção do solo e recursos hídricos (estimativa de 10% da área total do país em áreas de preservação permanente); 49.991.010 de hectares para conservação da biodiversidade em unidades de conservação federais e estaduais, em sua maioria de proteção integral; 32.284.110 de hectares para a produção madeireira e não madeireira em florestas nacionais, estaduais e florestas plantadas; e 30.798.320 de hectares de áreas de proteção ambiental, outra categoria de unidades de conservação de uso sustentável que permitem usos múltiplos, como áreas urbanas.
As florestas brasileiras também garantem 615.947 empregos formais, segundo dados de 2009 do Ministério do Trabalho e Emprego. A maioria dos trabalhadores - 172.740 - está na indústria moveleira, seguidos pela produção de celulose e papel (163.182), desdobramento de madeira (83.114), produção florestal em florestas plantadas (62.877), atividades de apoio à produção florestal (44.419), produção de estruturas e artefatos de madeira (43.742) e produção florestal em florestas nativas (6.382).
Fonte: Site Diaconia

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CAIXA vai financiar ações para conservação da caatinga

11/02/2011 - 09:49

Cerca de 27 milhões de brasileiros vivem no bioma que ocupa quase 11% do território nacional.
A Caixa Econômica Federal, por intermédio do Fundo Socioambiental da CAIXA (FSA CAIXA), irá.financiar ações para conservação da caatinga. Foi assinado,no dia 10 de fevereiro (quinta-feira), pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e a presidenta da CAIXA, Maria Fernanda Ramos Coelho, o termo de compromisso para viabilizar o desenvolvimento de projetos de manejo sustentável de recursos naturais no Bioma Caatinga, bem como apoiar projetos de uso sustentável com ênfase nos recursos utilizados na construção civil.
Para a presidenta da CAIXA, o sertão nordestino sempre foi associado à seca, à fome e à miséria. “A Caatinga é um bioma único, inteiramente brasileiro, com espécies endêmicas e que, ao longo das últimas décadas, vem sendo destruído”, explicou. “A CAIXA, por meio desta parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), busca contribuir com as iniciativas sociais e governamentais, para reverter o processo de degradação, fazendo com que a preservação dos recursos naturais da região seja um catalisador da promoção do desenvolvimento local e da inclusão social das famílias sertanejas”, completou a presidenta.
Caberá ao MMA coordenar, por meio do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), a identificação de projetos passíveis de financiamento e a apresentação deles para financiamento na linha temática Proteção da Biodiversidade e no eixo de atuação Conservação e Uso Sustentável da Caatinga, conforme priorizado pelo FSA CAIXA.
Cabe à CAIXA avaliar os projetos apresentados, para serem fomentados pelo FSA CAIXA e, em parceria com o Ministério, acompanhar a execução física e financeira dos projetos, bem como dos impactos decorrentes do fomento empreendido para a Política Ambiental e para o fortalecimento da agenda social na região.
Segundo o Ministério, a caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, ocupa quase 11% do país (844 mil km2), sendo o principal ecossistema do Nordeste. Ainda conforme o MMA, cerca de 27 milhões de pessoas vivem, atualmente, na área original da caatinga, sendo que 80% de seus ecossistemas originais já foram alterados, principalmente por meio de desmatamentos e queimadas, em um processo de ocupação que começou nos tempos do Brasil colônia. Grande parte da população que reside em área de caatinga é carente e precisa dos recursos da sua biodiversidade para sobreviver.
A conservação da caatinga está intimamente associada ao combate à desertificação; processo de degradação ambiental que ocorre em áreas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas. No Brasil, 62% das áreas suscetíveis à desertificação estão em zonas originalmente ocupadas por caatinga, sendo que muitas já estão alteradas.
Fundo socioambiental da CAIXA - O FSA CAIXA foi lançado em dezembro de 2010, com o objetivo de consolidar e ampliar a atuação do banco, no incentivo a ações que promovam o desenvolvimento sustentável. O Fundo apoiará financeiramente projetos e investimentos de caráter social e ambiental, por meio de recursos correspondentes a até 2% do lucro da empresa. O aporte do FSA CAIXA também poderá ser associado a doações e repasses de outros fundos, de entidades nacionais e internacionais, interessados em fomentar atividades e projetos socioambientais em parceria com a CAIXA.
No primeiro ano, o FSA CAIXA apoiará projetos nas seguintes linhas temáticas: cidades sustentáveis, proteção da biodiversidade do cerrado e caatinga, desenvolvimento local sustentável e cidadania inclusiva com geração de trabalho e renda. A diretriz do Fundo é apoiar ações estruturantes vinculadas a áreas de atuação da CAIXA que sejam promotoras da cidadania e dotadas de potencial de reaplicabilidade.
Em dezembro, o banco anunciou o financiamento para implantar o 1º Plano de Desenvolvimento Territorial de Base Conservacionista (PDTBC) do Projeto Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu (Mosaico SVP) no Cerrado. A seleção pública das entidades, para execução do projeto, está sendo realizada pelo MMA. | www.caixa.gov.br

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Esta vitória também é nossa

Recebi esta mensagem vinda do Vereador de Fortaleza João Alfredo (PSOL) e tomo a liberdade de publicá-la aqui por conta da importância da mesma na luta ambientalista.
Boa leitura,
Paulo Maciel

"Compas,
Em meio a tantas agressões e ameças à Natureza, aos Direitos Humanos e à Justiça Ambiental, importante compartilhar uma vitória importante (ainda que parcial), cuja notícia recebi há pouco.
O Promotor de Justiça de Paraipaba - Ceará, Lucas Felipe Azevedo de Brito, conseguiu uma liminar em uma Ação Civil Pública Ambiental movida contra a Empresa CBC Produção de Bulbos do Ceará Ltda., que cultiva plantas e flores ornamentais na localidade de Barreira, em Paraipaba, proibindo-a de usar e pulverizar agrotóxicos e outras substâncias poluentes naquela localidade.
Ali, na vizinhança de uma comunidade de mais de 50 famílias e nas proximidades de mananciais que abastecem a sede do município de Paraipaba, a CBC vem utilizando nada mais nada menos do que 29 tipos diferentes de agrotóxicos, dos quais 10 extremamente ou altamente tóxicos.  Tudo isso sem licença ambiental.
O resultado tem sido a morte de animais na região (pássaros, reses etc.) e intoxicação das pessoas da comunidade.
Importante, estarmos atentos pelo poder econômico da empresa, cuja produção é voltada para exportação.
Segue atachada a cópia de petição inicial da ACP.
Divulguem essa notícia.

Abs.,"
João Alfredo

OS BURACOS ESTÃO MAIS EM CIMA...

 Verdade!... Os buracos nas ruas são um incômodo. Quando chegam as chuvas então eles arruinam a cidade. Entretanto, o que mais me incomoda é a percepção unilateral dos administradores de nossas cidades, belas ou não.
Onde está a unilateralidade?
Naquela mesma percepção de quem está na direção de um automóvel sem retrovisor, e com os vidros laterais tapados, sentiram o drama?

Poderia dizer também naquela visão de quem nunca anda a pé.

Para estes ou estas, sugiro que se aventurem a sair por uma calçada qualquer de sua cidade....

Desfrutem a percepção dos transeuntes...  
Sintam-se como uma criança brincando de amarelinha pulando de buraco em buraco (nas calçadas em frente às suas casas)

Façam-se de atletas saltando obstáculos das calçadas em frente às lojas do centro cheias de interessantes obstáculos tais como: automóveis, bicicletas, orelhões, caixas, carrinhos de vendedores, mercadorias desde aquelas vendidas por camelôs até aquelas expostas por conceituadas lojas. Tem de tudo, de tabuleiros com pares de meias a guarda-roupas e geladeiras.

Imaginem-se homens e mulheres comuns, correndo atrapalhados zigue-zagueando nas calçadas que por lei são passeio público,  entre entulhos, lixões, buracos, mercadorias, veículos estacionados, tudo obstruindo justamente a estreita faixa que resta a nós, reles cidadãos e cidadãs que pelejamos por andar a pé...

Obrigados a descerem muitas vezes para o asfalto... se sucumbirem atropelados a culpa é do pobre ou da pobre que não tem juízo por andar no meio da rua. Ah, mas também há outro culpado: o buraco no meio da rua!....

Se conseguirem, imaginem-se como alguém da terceira idade... tentando se deslocar de sua residência até a padaria da esquina ou à farmácia mais próxima pelas vias "públicas" que lhes são disponibilizadas...

Bem, espero que esta reflexão sirva de alguma forma para que os administradores municipais repensem suas responsabilidades para com a cidadania. Revejam conceitos e percepções.

Após isso, posicionem-se de maneira diferente. Não sejam envolvidos pela visão da sociedade do automóvel onde apenas os buracos no asfalto são vistos. Uma sociedade onde um artefato de ferro, plástico e vidro vale mais que a vida em carne e osso não pode ser sustentável e muito menos exibir qualquer beleza...

Desculpem o romantismo....
Paulo Maciel

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DA ECO-COMUNIDADE CARNAÚBA

A lavoura de arroz está indo bem. Tivemos dias de muitas e boas chuvas, intercaladas de dias muito ensolarados o que por sinal é muito bom para as plantas e para nós també.
Tivemos alguns probleminhas que foram resolvidos a contento:
1) formigas saúvas cortaram alguns pés de milho - desviamos uns regos de água para as bocas e elas se afastaram. foram pastar noutra direção.
2) fumagina associada a formigas pretas chegaram nas plantas de cana. Resolvemos o problema aplicando soro de leite diluido em água na base de 20%. Problema resolvido a contento.
Agora estamos tirando o excesso de ervas espontâneas. Nada muito agressivo, apenas para dar uma deabafada na cultura que gosta muito de água mas também gosta de sol.
Bem por enquanto é tudo. Depois tem mais.
Aparecida & Paulo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Carta do Povo Kaiowá e Guarani à Presidenta Dilma Rousseff

A questão das nossas terras já era para ter sido resolvida há décadas.
Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se
agravar.
Conselho da Aty Guasu Kaiowá Guarani

Que bom que a senhora assumiu a presidência do Brasil. É a primeira
mãe que assume essa responsabilidade e poder. Mas nós Guarani Kaiowá
queremos lembrar que para nós a primeira mãe é a mãe terra, da qual
fazemos parte e que nos sustentou há milhares de anos. Presidenta
Dilma, roubaram nossa mãe. A maltrataram, sangraram suas veias,
rasgaram sua pele, quebraram seus ossos... rios, peixes, arvores,
animais e aves... Tudo foi sacrificado em nome do que chamam de
progresso. Para nós isso é destruição, é matança, é crueldade. Sem
nossa mãe terra sagrada, nós também estamos morrendo aos poucos. Por
isso estamos fazendo esse apelo no começo de seu governo. Devolvam
nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossos terras
tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos
direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais.
No final do ano passado nossa organização Aty Guasu recebeu um prêmio.
Um prêmio de reconhecimento de nossa luta. Agora, estamos repassando
esse prêmio para as comunidades do nosso povo. Esperamos que não seja
um prêmio de consolação, com o sabor amargo de uma cesta básica, sem a
qual hoje não conseguimos sobreviver. O Prêmio de Direitos Humanos
para nós significa uma força para continuarmos nossa luta,
especialmente na reconquista de nossas terras. Vamos carregar a
estatueta para todas as comunidades, para os acampamentos, para os
confinamentos, para os refúgios, para as retomadas... Vamos fazer dela
o símbolo de nossa luta e de nossos direitos.
Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido
resolvida há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram
deixando a situação se agravar. Por último o ex-presidente Lula,
prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com
essa dívida para com nosso povo Guarani Kaiowá e passou a solução para
suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e
ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos
filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de
esperança de futuro. Precisamos nossas terras para começar a resolver
a situação que é tão grave que a procuradora Deborah Duprat,
considerou que Dourados talvez seja a situação mais grave de uma
comunidade indígena no mundo.
Sem as nossas terras sagradas estamos condenados. Sem nossos tekohá, a
violência vai aumentar, vamos ficar ainda mais dependentes e fracos.
Será que a senhora como mãe e presidente quer que nosso povo vai
morrendo à míngua?. Acreditamos que não. Por isso, lhe dirigimos esse
apelo exigindo nosso direito.

Conselho da Aty Guasu Kaiowá Guarani
Dourados, 31 janeiro de 2011
Publicado em http://www.brasildefato.com.br/node/5574

Participe desta luta - CONVOCATÓRIA

Grande ato em Brasília contra Belo Monte e outras mega-hidrelétricas destrutivas na Amazônia!
Mais de meio milhão de pessoas já assinaram as petições contra Belo Monte, que serão entregues no Palácio do Planalto!
Na terça-feira, dia 8 de fevereiro, centenas de indígenas, ribeirinhos, ameaçados e atingidos por barragens, lideranças e movimentos sociais da Bacia do Xingu e de outros rios amazônicos estarão em Brasília para protestar contra o Complexo Belo Monte e outras mega-hidrelétricas destrutivas na região.  Também irão exigir do governo que rediscuta a política energética brasileira, abrindo um espaço democrático para a participação da sociedade civil nos processos de tomada de decisão.

Convocamos todos os nossos parceiros e amigos, e todos aqueles que se sensibilizam com a luta dos povos do Xingu, a se juntar a nós, porque, mais que o nosso rio, está em jogo o destino da Amazônia.

A concentração para o ato ocorrerá às 9hs, no gramado em frente à entrada do Congresso Nacional. Após o protesto, uma delegação de lideranças entregará à Presidência da República uma agenda de reivindicações e as petições contra Belo Monte.

Participe, e ajude a convocar!
Movimento Xingu Vivo para Sempre - MXVPS
Conselho Indigenista Missionário - Cimi
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB
Instituto Socioambiental - ISA
AVAAZ
Contatos:
Renata Pinheiro – MXVPS (93) 9172-9776
Cleymenne - Cimi (61) 9979-7059
Maíra – Cimi (61) 9979-6912

Saúde e meio ambiente

Luanda vai acolher na próxima semana a II Conferência Interministerial sobre Saúde e Ambiente em África, informaram na terça-feira, em Luanda, os ministros da Saúde e do Ambiente, José Van-Duném e Fátima Jardim, respectivamente, no final da reunião da Comissão Interministerial para a realização da conferência.
De acordo com o ministro da Saúde, o encontro, a decorrer entre 23 e 26 de Novembro, vai reunir representantes de 52 países africanos e pretende dar resposta às doenças relacionadas com factores ambientais. A conferência será realizada sob os auspícios da Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para o Ambiente e dos Ministérios da Saúde e do Ambiente do Executivo angolano.
A reunião de Luanda, que se segue à primeira realizada em Libreville, República do Gabão, em 2008, vai monitorizar e avaliar os compromissos da Declaração de Libreville, no âmbito da qual 52 países africanos se comprometeram a pôr em acção 11 pontos prioritários para enfrentar os desafios relacionados com a saúde e o meio ambiente.
“Esta segunda conferência tem por objectivo criar sinergias que permitam, por um lado, acelerar o alcance das Metas de Desenvolvimento do Milénio e, por outro, garantir que as acções ligadas à saúde e ao ambiente, que têm repercussões positivas na vida das populações, possam ser potenciadas na sequência da Declaração de Libreville”, esclareceu o ministro.
Em Luanda, serão debatidas questões relacionadas com as alterações climáticas e o ambiente e o estilo de vida.
“Neste momento, temos a confirmação de 24 ministros da Saúde, 20 ministros do Ambiente da região africana e mais de 149 delegados”, disse o titular da pasta da Saúde, sublinhando que os números permitem ter uma ideia da importância da conferência. 
A inter-relação entre saúde e ambiente, disse José Van-Duném, tem merecido uma crescente atenção nos dias de hoje. “A poluição da água e do meio ambiente, o efeito de estufa, o buraco da camada de ozono e a biodiversidade são alguns dos factores com influência negativa na saúde humana”, disse o ministro.
No encontro da capital angolana, vão ser adoptados dois documentos importantes, designadamente, as Declarações de Luanda sobre a saúde e o ambiente em África e uma conjunta sobre a saúde e as alterações climáticas.
O ministro José Van-Duném disse que a Declaração de Luanda sobre saúde e o ambiente em África vai, certamente, comprometer os países na adopção de acções que reforcem a aliança estratégica entre os dois sectores, na implementação da Declaração de Libreville na solução das questões prioritárias relacionadas com a saúde e o ambiente na região africana.
A ministra do Ambiente, Fátima Jardim, considera que, no quadro dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a África tem inúmeros desafios pela frente.
A ministra frisou que a conferência de Luanda vai analisar questões que os titulares das pastas da Saúde e do Ambiente do continente têm vindo a debater para um desenvolvimento equilibrado.


Jornal de Angola, 06/02/2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre a hidrelétrica Belo Monte...

13. Licença para confundir, coluna de Miriam Leitão

"Especialistas em direito ambiental dizem que existem mesmo só aquelas três formas de licença que se conhece: prévia, de instalação e de operação. Essa figura 'específica' e 'parcial' não existe na legislação"

Miriam Leitão é jornalista especializada em economia e publicou este texto na coluna "Panorama Econômico", do jornal "O Globo":

No último absurdo de Belo Monte, um presidente interino do Ibama deu uma licença parcial que vai provocar um dano permanente, a "supressão da vegetação". O Ministério Público entrou ontem com uma ação contra a licença. O BNDES emprestou R$ 1,1 bilhão ao grupo, mas garante ao MPF que exigiu que a empresa nada fizesse no local antes da licença de instalação total.

O Ministério Público entrou com uma ação ontem contra a concessão da licença de instalação parcial. Na comunicação do Ibama, eles definiram essa concessão com o curioso nome de "licença específica" para os "sítios" de Belo Monte e Pimentel. Na lei, o que existe é licença prévia, que é um primeiro sinal ao empreendedor, entendido como aprovação do Estudo de Impacto Ambiental. No caso de Belo Monte, essa primeira licença foi concedida, mas com 40 exigências. Em seguida, cumpridas as exigências, é dada a licença de instalação.

O BNDES concedeu tempos atrás um empréstimo ponte de R$ 1,1 bilhão à Norte Energia, que fará a hidrelétrica de Belo Monte, exigindo, no entanto, que ela não faça qualquer intervenção no "sítio". Só que as árvores do "sítio" começarão a ser derrubadas a partir dessa licença parcial.

O texto do documento do BNDES ao Ministério Público, que tenho em mãos, é claro. Diz que na minuta do contrato "figura a obrigação explícita para a beneficiária de não efetuar qualquer intervenção no sítio em que está prevista a construção da usina sem que tenha sido emitida a Licença de Instalação do empreendimento como um todo."

O presidente substituto do Ibama, Américo Ribeiro Tunes, me disse ontem que não foi concedida a licença de instalação do empreendimento.

- Essa é uma licença apenas para fazer trabalhos específicos. Instalar o canteiro de obras, escritório, terraplanagem, alojamentos de trabalhadores.

Na conversa, ele várias vezes falou da licença definitiva no condicional: "se" ela for concedida; "caso ela venha a ser aprovada." Eu perguntei a ele o que aconteceria com a vegetação suprimida caso a licença não fosse concedida; como seria possível pôr de volta no mesmo lugar uma árvore centenária que pode ser derrubada a partir de agora?

- Eles terão que replantar tudo. Aquelas áreas para as quais foi concedida licença de supressão da vegetação estão alteradas. Não estamos falando de áreas tão intactas assim. Além do mais, é uma área pequena - disse Américo Tunes.

O terreno de 238 hectares tem até 64 hectares em área de preservação permanente. Pode não ser grande, mas deu mais ambiguidade ao processo. Pode-se instalar um canteiro de obras de uma obra que pode não ser feita. É permitido desmatar até área de preservação permanente, apesar de haver incerteza sobre a licença. O BNDES concedeu um adiantamento de mais de um bilhão de reais desde que não se mexa no "sitio", e o "sítio" ganha o direito de ser mexido apesar de não ter ainda licença de instalação do empreendimento.

Américo Tunes alega que é comum essa concessão em etapas da licença de instalação. Ninguém acha que isso é comum. Especialistas em direito ambiental dizem que existem mesmo só aquelas três formas de licença que se conhece: prévia, de instalação e de operação. Essa figura "específica" e "parcial" não existe na legislação.

O presidente do Ibama garante que o que ele concedeu não permite o início das obras:

- Só posso conceder essa licença depois que a empresa cumprir as 40 condicionantes que foram exigidas na licença prévia. Essa é uma obrigatoriedade legal que temos que respeitar. Temos consciência da nossa responsabilidade. Eu te asseguro que se elas não forem cumpridas, a licença não será concedida. Neste caso, a empresa terá que fazer a desinstalação do que foi autorizado agora e recuperar a área.

É o samba da licença doida. Ela é e não é, pode-se desmatar uma área, incluindo-se APP, pode-se fazer a terraplanagem de dois "sítios", montar centro de alojamentos, lavanderia, almoxarifado, oficina de manutenção, borracharia, lubrificação, centro de conveniência, centro de atendimento ao trabalhador, portaria, central de carpintaria, canteiro industrial pioneiro, instalações provisórias de britagem e produção de concreto, sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário, 52 kms de estradas, sendo 42 kms de ampliação e 10 kms de novos trechos, áreas de estoque de solo e de madeira.

Tudo isso acima está escrito no documento oficial do Ibama, cujo presidente diz que a licença de instalação do empreendimento não tem data para ser concedida, depende dos técnicos, pode não sair, e, se não forem cumpridas as 40 condicionantes, não será concedida.

O Ministério Público perguntou ao BNDES quanto custa a obra e quanta energia ela vai produzir. O governo costuma dizer que são 11 mil MW e a um custo de R$ 19 bilhões. O banco respondeu: "a capacidade de geração estabelecida no contrato de concessão com a Aneel é de 4.571 MW médios de energia assegurada." O valor de R$ 19 bi é do empréstimo pedido até agora. Segundo o BNDES, o custo previsto de Belo Monte é de R$ 25,8 bilhões e o banco pode financiar até R$ 24,7 bi. Ou seja, o BNDES poderia emprestar até 95,7% do total. Uma concentração de risco inaceitável na prática mais elementar da prudência bancária.

Tudo está sendo atropelado: técnicos do Ibama, meio ambiente, limites fiscais, precaução técnica, termos dos contratos com o BNDES, princípios jurídicos, normas democráticas. Na democracia, o administrador público convence, não passa o trator sobre controvérsias tão agudas.

E o ambiente urbano?

Se observarmos, a maioria, quase a totalidade das entidades ambientalistas, trabalham a questão ambiental como se esta fosse uma questão rural. Precisamos abrir nossa objetiva numa outra direçao que na realidade é a outra face da moeda. Não poderemos dar respostas satisfatórias para a problemática ambiental se não percebermos a totalidade.
Problemas como a qualidade do ambiente nos locais de trabalho, nas ruas das cidades, nas escolas, nas comunidades periféricas, etc. Seriam menos importantes que as queimadas? Menos importantes que os desmatamentos?
Instalações insdustriais, geração e abastecimento de energia, equipamentos hospitalares, construções, loteamentos... Como anda isso? O que tem sido feito neste sentido?
Quem controla e quais os critérios dos licenciamentos ambientais para loteamentos, por exemplo?
Como estão os lixões na cidades interioranas?
O que NAO tem sido feito para destinar corretamente o lixo diariamente amontoado nas cidades interioranas?
Percebem?
É isso por enquanto, depois trocamos mais dois dedos de prosa...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Certificação Participativa

O assunto Certificação Participativa é de fundamental importância para a Agricultura Familiar. No estado do Ceará já vimos há um bom tempo lutando para construirmos esta forma de certificar a produçao orgânica. Nós agricultores carecemos da certificação principalmente agora que está vigorando a 'lei dos orgânicos" ( Lei Federal No. 10.831) que trata da certificação e estabelece normas e padrões específico para os produtos orgânicos. Esta mesma lei estabelece que qualquer produção para ser comercializada deverá ter a garantia que deve ser adquirida a partir de um dos seguintes sistemas:
1) certificação por auditagem efetuada por uma entidade privada que tem como finalidade realizar as inspeções e emitir o relatório de conformidade
2) certificação participativa - que objetiva emitir ocertificado de orgânico e  controlar o seu certificados no Sistema Participativo de Garantias, incluindo produtores certificados no SisOrg - Sistema Brasileiro da Produção Orgânica
3) Venda direta de produtos orgânicos - que é um sistema controlado localmente junto ao grupo de produtores por uma OCS - organização de Controle Social.
Bem, esta legislaçao já está em vigor. Tentando dar um passo adiante nesta questão, um grupo de produtores, consumidores, técnicos e várias entidades parceira, particpantes da Rede Cearense de Agroecologia resolveram organizar-se na Associaçao da Rede Cearense de Agroecologia - ARCA.
Foram realizadas 6 oficinas regional em todo o Estado, distribuidas nas seguintes regiões:
1) Curu/Itapipoca
2) Maciço de Baturité/Barreira
3) Sertão Central/Quixeramobim
4) Centro Sul/Iguatu
5) Região Norte e baixo Acaraú/Sobral
6) Ibiapaba/Tianguá
Também foi realizado um Encontro Estadual em Fortaleza e uma Assembléia de Fundação da ARCA.
Estas oficinas foram fundamentais para a organização dos grupos regionais e também das Comissões Regionais.
Nos últimos dias 26 e 27/janeiro realizamos uma oficina em Fortaleza para planejamento dos trabalhos da ARCA em 2011.
Bem, voltarei a falar sobre o assunto oportunamente.
Paulo Maciel

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sobre a questão ambiental no Ceará

Prezados,
Seria muito interessante uma ampla divulgação sobre a ameaça a que o meio ambiente no Estado do Ceará está enfrentando. Parte disso é episódio da dispensa de licenciamento proposto pelo Governo do Estado. Neste sentido, para ajudar a compreender a gravidade da situaçao, leia a carta de renúncia da Superintendente da SEMACE.
Boa leitura, boa reflexão, divulgue a questão e tome posiçao!
Abraço,
Paulo Maciel
 O POVO Online/Fortaleza