Seja bem vindo!

terça-feira, 31 de maio de 2011

DESAFIO

Viver é um desafio,
sonhar é uma arte.
Paixão é uma parte,
do que forma um coração.
Dois corações, formam um amor.
A solidão faz uma dor,
que emerge na sobriedade,
que uma ebriedade
te arranca do subúrbio
enfrentando o distúrbio
do amor balbuciante
só os sonhos de um amante
são capazes de corroer
o mais belo entardecer
muito além do horizonte,
pensando em ti como sendo ontem
esperando anoitecer.
"CORRINHA ADERALDO".

domingo, 29 de maio de 2011

Tomba mais um filho da floresta

Na mesma semana em que a Câmara dos Deputados Federais pôs abaixo o Código Florestal Brasileiro, soma-se três o número de líderes de agricultores mortos. Depois do casal, José Cláudio e Maria, agora foi a vez de Adelino Ramos, líder do MCC - Movimento Camponês corumbiara. Adelino foi abatido a tiros na periferia de Porto Velho, quando vendia verduras trazidas do acampamento de agricultores do qual fazia parte. Há mais de dez anos ele havia sobrevivido ao massacre de Corumbiara (1995) onde morreram 10 de seus companheiros sem terra. Adelino, como José Claudio, também já havia anunciado sua morte e já havia buscado apoio junto ao Estado (2009). Ele também sabia que vivia com "uma bala na cabeça" por defender a floresta contra os madeireiros da região.
A semelhança do "modus operandi" dos criminosos, a coincidência de datas, a escolha dos alvos, nos deixam sinais visíveis de que há por trás muitos interesses em jogo e que as forças, nem tão "ocultas" assim, que encomendam tais crimes se sentem confiantes e fortes por conta de uma conjuntura permissiva em relação a prática de crimes ambientais, mormente agora em que um instrumento legal de defesa das nossas florestas está posto em xeque por conta da atitude de congressistas.
Urge que a sociedade brasileira se articule com mais força ainda e rapidamente, no sentido de minimizar os males do projeto-lei aprovado pelos deputados. No Senado já não é possível fazer muito dada a composição conservadora do mesmo. Só há uma força capaz de demover os espíritos daqueles que nos ditam leis: povo nas ruas, campanha na mídia, internautas em alerta e fazendo-se ouvir por toda parte.
Até quando? Com certeza muitas ameças virão mas a luta não pára. Vamos para o "segundo tempo" do jogo, um "empate" suado já será uma vitória.
Paulo Maciel

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ousar lutar, ousar vencer!

410 a 63 foi o placar da câmara dos deputados onde foi aprovado o Projeto-lei que extingue o Código Forestal Brasileiro, propondo em seu lugar uma lei que retrocede em pelo menos meio século a questão ambiental brasileira. Esta aprovação, após algumas prorrogações, no útimo minuto do jogo, se deu pela articulação de deputados de vários partidos, inclusive da base governista (PMDB, PTB, PDT,PCdo B...), capitaneados pelo ponta "esquerda" Aldo Rebelo, mesmo com indicações em contrário, por parte do partido da presidenta (PT).
Na defesa do Código Florestal vigente, atuaram além de inúmeras ONGs ambientalistas, organizações sociais, sociedade civil e parlamentares do PV e PSOL, PT e outros partidos compondo a Frente Ambientalista.
Para um país onde tudo termina em placar como se fosse um jogo de futebol, nada fora do normal. Quem venceu? Quem perdeu?
Perderam as  futuras gerações, perderam as crianças de hoje, perderam as populações que dependem da floresta para sobreviverem, perderam os segmentos lúcidos da população brasileira de hoje. Perderam a vida José Claúdio e Maria do Espirito Santo. Perdeu a biodiversidade.
Quem venceu? Os segmentos mais retrógrados da nossa sociedade. Interesseiros imediatistas, exploradores de rapina das nossas florestas e o agronegócio "marrom" que souberam  articular seus interesses privados e imediatistas em detrimento dos interesses coletivos, com deputados que não consultaram nem ouviram a voz de quem pode expressar sua opinião a respeito do assunto.
No dia fatidico da decisão, logo de manhã, perdeu a vida o casal de extrativistas que tombaram após terem anunciado suas mortes desde novembro passado. Aliás, anunciar a própria morte também tem se tornado coisa corriqueira no meio daqueles que ousam lutar em defesa das causas ambientais, particularmente na região norte do Brasil (Chico Mendes, Dorothy....).
José Cláudio Ribeiro da Silva e de sua companheira, Maria do Espírito Santo, não viveram para chorar este triste placar e muito menos para continuar na luta. José Cláudio era presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e foi assassinado nesta terça-feira, junto com Maria, em uma emboscada no município de Nova Ipixuna (PA), a cerca de cem quilômetros de Marabá (PA). A encomenda de sua morte, justo num dia de votação do Projeto-lei que derrota o Código Florestal não seria um indício de que os mandantes mandavam um recado?
O casal participava do projeto de assentamento agroextrativista Praialta-Piranheira, criado na região em 1997 e que trabalhava principalmente com produtores de castanha. José Claudio vinha denunciando há muito tempo a sanha dos madeireiros na floresta amazônica mas eles continuavam sem proteção do Estado. Este projeto promovia junto às populações locais um desenvolvimento de novo tipo sem destruir o meio ambiente e preservando a vida.
Na mesma noite do dia em que foram mortos, o mesmo Estado, passa um atestado de legalidade para a ação daqueles que foram combatidos heroicamente por Jose Claudio e Maria do Espírito Santo, através da aprovação do Projeto-lei que derrubou o Código Florestal Brasileiro pelos deputados federais brasileiros.
Fica assim concluído este capitulo triste para os que defendem um desenvolvimento sustentável para o país. Agora vêm os desdobramentos. Os segmentos que acreditavam na aprovação deste projeto, já se anteciparam pondo por terra  muitas florestas mesmo antes da aprovação do projeto. Por outro lado, continua a luta daqueles que defendem a floresta integrada ao modelo de desenvolvimento sustentável. A memória dos que tombaram será preservada. Os correntões do atraso serão quebrados e um dia poderemos gritar gollllllll!
Paulo Maciel

Ainda temos uma chence! Lutar.

Novo Código Florestal destruirá plano de recuperação da Mata Atlântica
[23/05/2011 15:27]
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que isenção de reserva legal em imóveis de até 4 módulos fiscais atingirá 67% da área que deveria ser recuperada no bioma mais ameaçado do país. Caatinga, que já sofre com desertificação, seria o bioma mais afetado.

Há dois anos um grande conjunto de organizações da sociedade civil, empresas privadas e universidades públicas selaram um pacto pela restauração do bioma Mata Atlântica, um dos hotspots brasileiros (junto com o Cerrado) em função da sua altíssima biodiversidade e do elevado grau de ameaça a sua sobrevivência. A meta traçada foi de restaurar, até 2050, 15 milhões de hectares de florestas, recuperando áreas protegidas ilegamente desmatadas e locais de baixa aptidão agrícola. Até o momento, no entanto, apesar dos esforços, foram recuperados pouco mais de 40 mil hectares, e, se o projeto de alteração do Código Florestal for aprovado como está, a meta se tornará não só difícil, mas impossível de ser alcançada.
O IPEA fez um estudo para avaliar qual seria o impacto - na restauração dos biomas brasileiros - da aprovação da regra que isenta todos os imóveis de até 4 módulos fiscais de recuperarem suas reservas legais. Essa regra, presente no relatório aprovado na comissão especial da Câmara dos Deputados em 2010, vem sendo defendida por vários representantes do agronegócio e pelo relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP), como uma medida de justiça social com os pequenos agricultores, que não teriam terras suficientes para poder plantar e ainda preservar. Os defensores dessa ideia alegam que o impacto ambiental seria pequeno, já que os pequenos imóveis, embora numerosos, representariam pequena parcela do território nacional.
O estudo do IPEA, no entanto, joga luzes sobre essa questão, mostrando que o impacto ambiental não é tão pequeno assim. Pelo contrário. Intitulado “Código Florestal: implicações do PL 1876/99 nas áreas de reserva legal”, ele calcula que 67% das áreas de reserva legal ilegalmente desmatadas na Mata Atlântica estariam isentas de recuperação. Ou seja, apenas 1/3 do passivo atual seria, na melhor das hipóteses, recuperado. Isso significaria uma anistia de 3,9 milhões de hectares.
Mas há situações piores. A caatinga, bioma que vem sofrendo acelerado processo de desertificação justamente por perda da cobertura vegetal nativa, perderia 70% das áreas a serem recuperadas. No país todo, segundo o estudo, seriam quase 48 milhões de hectares de desmatamentos ilegais anistiados.
Organizações ambientalistas e ligadas à agricultura familiar vêm defendendo que, se houver algum tipo de anistia desse tipo, que seja direcionado exclusivamente aos agricultores familiares, e não a todo e qualquer proprietário de imóveis com até 4 módulos. A diferença é que, para um agricultor ser considerado como familiar, ele só pode possuir um único imóvel, onde trabalha e ganha seu sustento. Com uma regra que abre genericamente para 4 módulos, um proprietário que tenha cinco ou seis fazendas dentro desse tamanho (que pode ser de até 320 ha em Goiás, 160 ha em São Paulo ou 440 ha no Mato Grosso do Sul) estaria isento de recuperar a reserva legal em todos eles. Além disso, por não haver um controle maior, um imóvel de 600 ha em Goiás poderia facilmente dividir sua matrícula no Registro de Imóveis em duas e passar a ser, aos olhos da lei, duas fazendas isentas de reserva legal. Apesar de todos esses argumentos, e do apelo dos movimentos ligados à agricultura familiar, o relator Aldo Rebelo vem insistindo em manter a regra.
O Código Florestal irá a votação nesta terça-feira, 24 de maio, e esse é um dos pontos polêmicos, dentre vários outros. Se quiser ver uma análise completa:
http://www.socioambiental.org/ .

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A luta em defesa do Código Florestal continua!

Mobilização em defesa do Código Florestal
No domingo, 22 de maio,  durante a sétima edição do Viva Mata,  a Campanha Nacional da Coalizão “SOS Florestas: o Código Florestal em Perigo” promove ato em defesa das florestas, das áreas de preservação urbanas e rurais e da ética para com a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.  Participe conosco, reúna pessoas e ajude a mostrar para os Deputados e Senadores que as florestas e os recursos naturais são bens de todos os brasileiros.
Local: Monumento às Bandeiras ( Praça Armando de Salles Oliveira, Vila Mariana, São Paulo - SP, em frente ao lago do Parque do Ibirapuera)
Horário: 10hs
Concentração : 9h00 no Palco do Caminhão - Viva Mata - Parque do Ibirapuera - São Paulo Capital
A importância do Código Florestal para os cidadãos 
O Código Florestal Brasileiro trata da qualidade de vida de todos. É uma Lei vital para a permanência ou a recuperação dos serviços ambientais básicos que sustentam a vida e a economia no campo e nas cidades.
O Código Florestal garante a todos a produção e a conservação da água, a regulação das chuvas, a proteção à biodiversidade, a polinização, o controle de pragas, o controle do clima e da qualidade do ar nas cidades, a estocagem de carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa, entre tantos outros benefícios que as florestas nativas nos prestam.
Por isso, mesmo que você viva em um centro urbano como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, ou em qualquer outra cidade brasileira, sua vida depende diretamente da existência das florestas e matas. Essa Lei é de interesse de todos os cidadãos não um ou outro setor da sociedade

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A FICHA DA PLANTA - AÇAFRÃO

Açafrão-da-terra
O açafrão-da-terra (Curcuma longa), conhecido também como cúrcuma, turmérico, açafrão-da-índia, açafroa e gengibre amarelo, é uma planta herbácea da família do gengibre (Zingiberaceae), originária da Ásia (Índia e Indonésia). Dela se obtém uma especiaria homónima que é o principal componente do tempero do caril (prato culinário) à indiana (ou curry). Sua característica principal é atuar como digestivo e ativador da função hepática.
Da sua raiz seca e moída se extrai o pó, conhecido simplesmente por açafrão, utilizado como condimento ou corante de cor amarela e brilhante, na culinária e no preparo de medicamentos.

Propriedades
É uma planta perene com ramificações laterais compridas. A parte utilizada da planta é o rizoma (raiz), que externamente apresenta uma coloração esbranquiçada ou acinzentada e internamente amarelada. Do rizoma saem as folhas e as hastes florais. Reproduz-se por pedaços do rizomas que apresentam gemas (olhos) com plantio em solo argiloso, fértil e de fácil drenagem. Depois da planta adaptada ao local, alastra-se, pois o rizoma principal emite numerosos rizomas laterais. É uma planta difícil de ser destruída. A colheita deve ocorrer na época em que a planta perde a parte aérea, depois da floração. Nesta fase, os rizomas apresentam pigmentos amarelos intensos.

Usos na culinária
Usado para colorir laticínios, bebidas e mostarda, em cozidos, sopas, ensopados, molhos, peixes, pratos à base de feijão, receitas com ovos, maioneses, massas, frango, batatas, couve-flor e até pães. Deve ser dissolvida em um caldo quente antes de ser incorporada a uma receita. É ingrediente essencial para acentuar o sabor e dar cor a muitos pratos da cozinha indiana, principalmente arroz.
A palavra cúrcuma tem seu primeiro registro no século XVI, oriunda do latim terra meritare, ou "mérito da terra" (de acordo com o livro Plantas de A-Z, de Paula Negraes, editado por BEI Comunicações)

Classificação científica

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Zingiberidae
Ordem: Zingiberales
Família: Zingiberaceae
Género: Curcuma
Espécie: C. longa
Nome binomial: Curcuma longa Linnaeus

Fonte: Wikipedia - A Enciclopédia Livre

RESGATANDO ESPÉCIES TRADICIONAIS - AÇAFROA

Na unidade de produçao da Eco-comunidade Carnaúba (Iguatu CE), estamos produzindo já algum tempo a Açafroa Curcuma longa. O material genético foi resgatado junto a agricultores familiares e vem sendo multiplicado por nós com finalidade de perpetuação e dispersão da espécie junto a agricultura familiar.

Alguns “dedos” desta espécie nos foram presenteados no ano 2008 pelo Sr. Pedro e sua esposa, agricultores familiares da Serra da Itapipoca – municipio do interior do Estado do Ceará (na localidade do Escalvado). Esta família é um referencial de dedicação a agrofloresta. Seu Pedro e sua família  Cultivavam em harmonia, intuitivamente, dezenas de espécies frutiferas, de grãos, tubérculos, madeiráveis, essencias e folhosas para o auto-consumo e para presentear amigos como ele gostava de dizer, bem como fornecer “medicina” a quem necessitasse. As condições irregulares de umidade vigentes em sua área exigia dele um esforço extraordinário para levar agua até suas plantas nos tempos de estiagem, mas ele pacientemente realizava a tarefa diariamente, mantendo desta forma um belo sistema agrofolorestal que também funcionava como um reservatório de material genético de vegetais bem como um refúgio seguro de espécies animais nativas.

Como resultado deste esforço, pudemos também dar nossa contribuição na conservação das espécies tradicionais cultivadas pelos agricultores tradicionais do Ceará. Felizmente encontramos de vez em quando pessoas como o Sr. Pedro. Rendemos aqui nossa homenagem a este lutador que soube fazer muito bem sua parte para a manutenção da vida na caatinga. Por intermédio dele este material está hoje sendo multiplicado na nossa área.

Paulo Maciel

POR UMA NOVA ÉTICA ALIMENTAR

O glifosato (Roundup) é um dos herbicidas mais tóxicos e é a terceira causa mais comumente relacionada às doenças causadas pelo uso de agroquímicos junto aos trabalhadores agrícolas. Produtos comerciais que contêm glifosato também contêm outros compostos, que podem ser tóxicos. O glifosato é tecnicamente muito difícil de ser detectado e quantificado em amostras colhidas no meio ambiente ou nos alimentos, o que significa que os dados são muitas vezes inexistentes no tocante aos níveis de resíduos nos alimentos e no ambiente, ou os dados existentes podem não ser confiáveis. ("Relatório do Greenpeace  - Abril de 1997).
O uso de plantas altamente resistentes aos herbicidas (nomeadamente Glifosato) trás aos agricultores uma falsa idéia de que é possível usá-los livremente, já que as culturas geneticamente modificadas são resistentes aos mesmos e por isso não seriam afetadas por doses “exageradas” de herbicidas. Esta tendência se expressa com o aumento das solicitações de permissão, por parte das indústrias alimentícias que utilizam matéria prima vinda de cultivos geneticamente modificados, para que sejam comercializados alimentos com maiores teores residuais de herbicidas e tais alimentos já vêm sendo comercializados.
As legislações sobre o uso de organismos geneticamente modificados têm se mostrado ineficazes no sentido de fazer valer o principio da precaução visto ser a questão tão complexa e permitir tantas portas e janelas que driblam as regulamentações. A globalização da indústria de alimentos trás ainda mais complicadores nesta regulamentação, impondo aos mecanismos nacionais de cada país uma atenção multiplicada tanto no aspecto normativo quanto à fiscalização e isto impõe altos custos de como operacionalizar o controle.
Se isso é uma verdade preocupante para as populações esclarecidas dos países ricos, pensemos em termos de países onde a pobreza é contundente e o atendimento às necessidades alimentares  básicas é precário. Podemos, então, imaginar  que tal regulamentação pode parecer desnecessária por conta da ineficácia de tal regulamentação, ou, ainda, por conta de uma “emergência” de alimentar pessoas famintas. A decorrência disto pode ser então previsível quando, em nome de alimentar uma massa de famintos, pode-se estar criando verdadeiros laboratórios de teste para os alimentos transgênicos contaminados com altas doses residuais de agroquímicos. Esta possibilidade é assustadora e nos faz pensar na defesa de uma nova ética para o mundo contemporâneo.

domingo, 15 de maio de 2011

SEMENTES TRADICIONAIS DE ARROZ VERMELHO

O arroz vermelho, da espécie Oryza sativa L. é uma variedade de arroz cultivada tradicionalmente por agricultores do sertão nordestino. Esta variedade por mim cultivada foi resgatada junto a comunidade interiorana do Estado do Ceará e vem sendo plantada por mim repetidamente durante 4 anos, sempre de forma isolada de outras variedades.
Estou disponibilizando aos interressados nas variedades tradicionais de arroz, 500 kg de semente de arroz vermelho cultivado em condições isoladas de outras variedades de arroz o que permite um bom percentual de pureza.
Este arroz foi cultivado com  total isenção de agroquímicos (inseticidas, fungicidas, herbicidas, adubos químicos) o que propicia seu uso como semente para cultivos orgânicos.
Saliento ainda que a nossa área de produção está localizada na Eco-comunidade Carnaúba, Iguatu CE. Tendo sido utilizados os métodos tradicionais de semeadura e controle de espécies espontâneas de gramíneas e outras plantas nativas.
A rega se deu pelas chuvas e esporadicamente ocorreu irrigação complementar com água de fonte própria. A fertilização do solo foi realizada com a colocação de composto orgânico sobre o solo no estágio de pre-floração da planta.
O objetivo principal desta disponibilização é oferecer a possibilidade de dispersão desta espécie junto a agricultores familiares, por isto preferimos oferecer pequenas quantidade a cada interessado e preferencialmente para projetos comunitários de agroecologia.
Os interessados devem enviar email para:
Paulo F Maciel
paulomaciel69@hotmail.com
fone: (085)99327015
Custo unitário do Kg, sem taxas de correio: R$ 10,00 (este é um valor de compensação aos trabalhos realizados para obtenção das sementes)

O QUE ALGUMAS INSTITUIÇÕES DIZEM SOBRE O ARROZ VERMELHO

SLOW FOOD DO BRASIL
http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/130/70/
O arroz vermelho foi introduzido no Brasil pelos portugueses no século XVI, na então Capitania de Ilhéus, atualmente Estado da Bahia. Ali ele não chegou a prosperar, mas teve grande aceitação no Maranhão nos dois séculos seguintes. Em 1772, por determinação da Coroa de Portugal, que só tinha interesse na produção do arroz branco para suprir a metrópole, os agricultores foram proibidos de plantar o arroz vermelho no Maranhão. Com isso, a produção migrou para a região Semi-Árida, onde ainda é encontrado, principalmente no Estado da Paraíba.

Na Paraíba, o arroz vermelho constitui um dos principais ingredientes da culinária regional, sendo portanto considerado um alimento especial nas casas das famílias e restaurantes do interior. Além disso, em alguns municípios do Sul do Ceará, o arroz vermelho já foi um importante componente da dieta alimentar das mulheres parturientes, pois se acredita que o produto possua propriedades que propiciam o aumento da produção de leite materno.  

EMBRAPA

http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2009/dezembro/4a-semana
Rico em proteínas, sais minerais e vitamina B1, o arroz-vermelho, que chegou ao Brasil no século XVI, pela Bahia, vindo da Ásia, é cultivado basicamente na zona central do semiárido. Paraíba é o maior produtor de arroz-vermelho, seguido de perto pelo Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Bahia e Minas Gerais. O plantio é feito durante a estação chuvosa, nos baixos alagados. A mão-de-obra familiar é a mais usada pelos produtores no cultivo, o que contribui para baixar os custos.
Nas mesas de casas e de restaurantes do interior, o arroz-vermelho é presença obrigatória. Na Paraíba, ele, juntamente com o queijo coalho e o feijão-caupi, dá origem ao arrubacão, um dos pratos mais apreciados da região. Na Bahia, o prato típico dos municípios da Chapada Diamantina é o arroz-de-garimpeiro, que é preparado com carne de sol, legumes e o próprio arroz-vermelho. No sul do Ceará, acredita-se que o consumo dele aumenta a produção de leite das mulheres após o parto. Em outros municípios nordestinos o caldo do arroz-vermelho é usado na alimentação de crianças para o controle de diarréias.
A pesquisa com o arroz-vermelho no Brasil começou a partir da década de 1990. A Embrapa Meio-Norte, com sede em Teresina e a Embrapa Arroz e Feijão, localizada em Santo Antônio de Goiás, concentram os estudos. No Piauí, é desenvolvimento um projeto de melhoramento genético buscando resgatar, conservar e gerar novas variedades. Em Goiás, o trabalho é de análise de fibras, carboidratos, proteína e micronutrientes, como ferro e zinco.

RECEITA COM ARROZ VERMELHO
Arroz vermelho com Suã

Ingredientes
1 kg de suã (vértebra do porco, com um pouco de carne)
1 colher (chá) de alho socado
1 pitada de pimenta-do-reino
2 colheres (chá) de sal
1 cebola média picadinha
½ pimentão verde picadinho
½ xícara de vinagre
2 colheres (sopa) de óleo
2 xícaras de arroz vermelho escolhido e lavado
5 xícaras de água fervente
Salsinha a gosto

Modo de fazer
Coloque o suã numa tigela e junte o alho, a pimenta, o sal, a cebola, o pimentão e o vinagre. Deixe neste tempero por 30 minutos. Numa panela grande aqueça o óleo e junte a carne. Mexa de vez em quando até ficar bem dourada. Junte o arroz vermelho e refogue para misturar bem. Junte a água quente, espere ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar por mais ou menos 30 minutos ou até a água secar e o arroz ficar macio (se for preciso, coloque mais um pouco de água quente). Polvilhe salsinha picada.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

SALVEMOS O CÓDIGO FLORESTAL

 MENSAGEM DE APOIO (Frei Leonardo Boff)
         Companheiros e companheiras,

Por razões de saúde que me prendem em casa, não pude e estar ai com vocês. Que valha essa pequena mensgem.
Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento econômico.
Isso mostra a cegueira que tomou conta  da maioria dos parlamentare e também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao aquecimento global.
Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez progresiva de água potável que  atualmente já tem produzido 60 milhões de exilados.
 Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso pais, com enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil  que produzem grandes prejuizos em casas e plantações destruidas.
Só cegos e estupidificados pela ganância do lucro não vêem as conexões causais entre todos estes fenômenos.
A Terra está doente. A  humanidade sofredora de 860 milhões passou, por causa da crise econômico-financeiro dos paises opulentos, onde grassam ladrões, salteadores de beira de estrada das economias populares, a um bilhão e cem milhões de pessoas.
Consequência: a questão não é salvar o sistema econômico-financeiro, não é produzir mais grãos, carnes e commodities em geral para exportar mais e aumentar o lucro.
A questão central é salvar a vida, garantir as condições fisico-químicas e ecológicas que garantem a vitalidade e integridade da Terra e permitir a continuidade de nossa civilização e do projeto planetário humano.  A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é  nossa única Casa Comum e não temos outra. Ela é a Pacha Mama dos andinos, a grande mãe, testemunhada por todos os agricultores e a  Gaia, da ciência moderna que a vê  como um superorganismo vivo que se autoregula de tal forma que sempre se faz apto para produzir e reproduzir vida.
Então, é nossa obrigação manter a floresta em pé. É uma exigência da humanidade, porque ela pertence a todos, embora gerenciada por nós . O equilíbrio climático da Terra e a suficiência de água para a humanidade passa pela floresta amazônica. É ela que sequestra carbono, nos devolve em oxigênio, em flores, frutos e biomassa. Por isso temos que manter nossas matas ciliares para garantir a perpetuidade dos rios e a preservação da pegada hidrológica (o quanto de água temos a nossa disposição). É imperioso não envenenar os solos pois os agrotóxicos alcançam o nivel freático das águas, caem nos rios,  penetram nos animais pelos alimentos quimicalizamos e acabam se depositando dentro de nossas células, nos entoxicando lentamente.
A luta é pela vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe Terra.  Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços que  Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.
Que devolvemos à Terra como forma de gratidão e de compensação? Nada. Só agressão, exaustão de seus bens. Estamos conduzindo, todos juntos, uma guerra total contra a Terra. E não temos nenhuma chance de ganharmos essa guerra. Temo que a Mãe Terra se canse de nós e não nos queira mais hospedar aqui. Ela poderá nos elimiar como eliminamos uma célula cancerígena. Devemos devolver seus beneficios, com cuidado, respeito, veneração para que ela se sinta mãe amada e protegida e nos continue a querer como filhos e filhas queridos.
Mas não foi a devastação que fomos criados e estamos sobre esse ridente Planeta. Somos chamados a ser os cuidadores, os guardiães desta herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram. E vamos sim  salvar a vida, proteger a Terra e garantir um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida, para as plantas, para os animais, para os demais seres da criação.
A vida é chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não permitiremos que um Codigo Florestal mal intencionado ponha em risco nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos. Queremos que eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida e para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.

O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações  nesse Código que  modificado honrará  a vida e alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra.