Queridos(as) leitores (as), são profundamente lamentáveis os fatos que ocorreram no Japão desde sexta-feira passada, quando um terremoto de magnitude 8,9 graus na Escala Richter (escala logarítmica de magnitude local - ML) sacudiu o país (que depois foi seguido de vários outros tremores secundários); e, se não bastasse, a situação que já era desesperadora, seguiu a Lei de Murphy que numa de suas muitas formas diz: “o que está ruim sempre pode piorar”.
O tsunami que seguiu o forte tremor arrasou cidades inteiras e matou vários milhares de seres humanos neste que já é um dos maiores desastres da história. A situação no país agravou-se exponencialmente devido a instabilidade nos reatores da usina nuclear de Fukushima, que tiveram o sistema de resfriamento de seus reatores comprometido, deixando desprotegidas as barras do combustível nuclear e provocando vazamento de radiação para a atmosfera, num acidente que pode se igualar ao pior da história: o acidente nuclear de Chernobyl.
Mas, o que é energia nuclear e como funciona uma usina nuclear? Bem, Energia Nuclear é a energia liberada numa reação em que estão envolvidos os próprios núcleos dos átomos. Ressalte-se que quando os fenômenos são elétricos apenas os elétrons, que estão na periferia dos átomos estão envolvidos. Desse modo, desde a eletricidade estática (como os pelos de seu braço sendo atraídos pelo tubo do televisor) até o acendimento de uma lâmpada quando você aciona o interruptor de sua residência, tem a ver com elétrons e não com prótons e nêutrons (envolvidos nas reações nucleares).
A famosa equação da equivalência massa-energia (E = m.c2), formulada por Einstein em 1905, estabelece que energia e massa são na verdade dois lados de uma mesma moeda e podem ser intercambiáveis. Observe que, como a velocidade da luz possui um valor muito elevado, aproximadamente 300.000 quilômetros por segundo, uma pequena quantidade de massa multiplicada por este valor irá resultar em uma quantidade imensa de energia. O processo de obtenção de energia através da fissão foi observado por Hanh, Strabmann e Meitner depois da irradiação de urânio com nêutrons.
Deve ficar claro que as usinas nucleares tem a finalidade de produzir energia elétrica e não fabricar ou explodir como uma bomba atômica (nestas a reação ocorre de forma descontrolada, explodindo e liberando uma quantidade imensa de energia e calor; naquelas, as reações ocorrem de forma controlada, convertendo o calor da reação para movimentar turbinas e produzir eletricidade.
Os reatores nucleares também não são de natureza única; existem os Light Water Reactors (Reatores de Água Leve), os Heavy Water Reactors (Reatores de Água Pesada), os Breeders Reactors (Reatores Incubadores) entre outros, que recebem o nome dependendo da substância usada para resfriamento das barras de Urânio-235. A maioria dos reatores utilizados hoje é do tipo Light Water Reactors. Porém, os próximos reatores, que ainda estão em fase de desenvolvimento conceitual, serão chamados de MSR, ou Molten Salt Reactors (Reatores de Sal Fundido). O Brasil possui atualmente 02 usinas nucleares prontas (Angra – 01 e Angra – 02), e uma em construção prevista para ser inaugurada em 2015 (Angra – 03).
Uma das grandes preocupações no que diz respeito às usinas nucleares é no que diz respeito ao destino dos resíduos tóxicos (resultantes dos processos de fissão ocorridos nos reatores). Essa preocupação é extremamente pertinente, pois uma quantidade de apenas 01 grama de Plutônio-239 (um dos resíduos) é suficiente para matar um ser humano, e 01 kg do material seria suficiente (em tese), para extinguir totalmente a população humana no longo prazo. E o acidente de Chernobyl (na antiga União Soviética)? E o de Three Miles Island (USA)? E o de Goiânia com o famigerado Césio – 137? A segurança das usinas é algo que precisa ser urgentemente revisado.
Oremos a Deus pelo Japão e seus habitantes. Fiquem com Deus e tenham um ótimo final de semana.Frank Wagner - professor do IFET Iguatu CE