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sexta-feira, 18 de março de 2011

Cumaru, alternativa de sustentabilidade para o semiárido.


Está sendo conduzido, no município de Quixeramobim, na sede do Núcleo de Educação Ambiental do IBAMA, um experimento testando o cumaru (Amburana cearensis) em sistema agroflorestal, como alternativa de renda para o semiárido.
O cumaru é uma das espécies nativas da caatinga, sendo uma planta de múltiplas utilidades, pois sua madeira de excelente qualidade, fácil de trabalhar e com aroma agradável, é vendida no comércio sob o nome de cerejeira. Suas raízes, entrecasca e sementes produzem a cumarina, princípio ativo que além de ser utilizado nas indústrias alimentícias (doces e biscoitos), de cigarros e tabacos, indústrias de perfume como fixador, é utilizado na produção de medicamentos como o xarope de cumaru ou lambedores caseiros, de largo uso popular, e de eficácia comprovada cientificamente como antinflamatório e broncodilatador (MATOS, 2002).  É uma árvore que pela beleza, pode ser usada como ornamental em projetos paisagísticos. Para recuperação de solos e restauração florestal de áreas degradadas é utilizada tanto na fase inicial como nas fases posteriores do reflorestamento, inclusive como mata ciliar, em locais com inundações periódicas de curta duração (MAIA, 2004). Em sistemas agroflorestais pode ser usada como quebra-ventos e faixas arbóreas entre plantações. Como forrageira suas folhas e vagens são consumidas pelos caprinos tanto verdes como secas e pelos bovinos depois de secas. É também de grande importância para a apicultura e meliponicultura pelo fato de fornecer néctar na estação seca do ano, figurando entre as 18 espécies mais utilizadas pelas abelhas nativas para coleta de pólen e/ou néctar e como local de nidificação, além da utilização da sua madeira na construção de colméias (MARINHO, et. al., 2002).
Pelo modo como é explorada, extrativismo vegetal, com a prática do “anelamento” da casca, comprome-se a sobrevivência da espécie no bioma Caatinga, ficando a mesma em risco de extinção. Daí a necessidade de maiores estudos sobre a produção de mudas do cumaru, levando-se em consideração a realidade local, pois os estudos e literatura especializada pouco levam em consideração as condições do semiárido.
O pesquisador, engenheiro agrônomo João Vianey Fernandes Pimentel, doutorando da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG-PB), já estudou a espécie em sua fase de mudas, onde foi avaliada a influência da água, esterco e cobertura morta (PIMENTEL, 2008). Um sistema agroflorestal foi implantado, onde o cumaru foi consorciado com milho e feijão, sob diferentes quantidades de esterco e cobertura morta, em condições de sequeiro. Investigou-se, também a produção de plantas jovens, em canteiros irrigados, para produção de massa vegetal (raiz, caule e folha), que em sete meses pode ser colhido para fins industriais e farmacêuticos.
A área da pesquisa está aberta ao público, principalmente aos agricultores familiares, interessados em implantar o sistema.