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terça-feira, 29 de março de 2011

MUDANÇAS JÁ

“A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), propôs hoje (28) que, até 2050, todos os carros a diesel e a gasolina sejam eliminados das cidades do 27 países que integram o bloco. O comissário de Transportes do bloco, Siim Kallas, também elaborou planos para migrar para o transporte ferroviário metade das chamadas jornadas de distância média – a partir de 300 km – feitas atualmente por automóveis.” http://www.aquiacontece.com.br/
A  idéia exposta na notícia acima é boa. A implementação da idéia é que não se sabe como será e se será efetivada. No Brasil,estamos acostumados a ver leis e planos muito bons, mas, quando se vai para a execução... é outra história, não saem do papel.
Acho que a melhor maneira de promover mudanças, ao invés da declaração de intenções e aprovação de leis, é por em prática alternativas àquilo que que estamos querendo modificar.
Muito bem, queremos acabar com os automóveis  movidos a combustiveis? Que tal se os governos  incentivarem o desenvolvimento de veículos alternativos movidos a eletricidade? Que tal  os governos valorizarem , agora, a melhoria dos transportes  coletivos? Que tal valorizar desde já o uso de bicicletas ou construção de  passeios móveis  sobre as calçadas de grande movimento  das cidades, movidos a eletricidade, como aquelas passarelas existentes em grandes aeroportos a exemplo do Aeroporto Internacional de Madrid? Que tal valorizar a cidadania e colocar a mesma como centro das melhorias no trânsito das grandes cidades?  Que tal se forem definidas áreas centrais nas grandes cidades onde somente seria permitida a circulação em bicicletas ou a pé? Além da demarcação de círculos para giro de onibus ou bondes, excluindo-se destes os automóveis?
Todas essas medidas, e muitas outras, ao mesmo tempo em que preparam as pessoas para mudanças futuras, oferecem alternativas reais e de qualidade para o presente, melhorando as expectativas e possibilitando a melhoria das mesmas desde já.
Paulo Maciel

domingo, 27 de março de 2011

Pulverização aérea de Herbicidas em Iguatu CE Brasil

Publicaremos durante alguns dias fotos feitas em um levantamento de campo que fiz na localidade de Colosso - distrito de Alencar - Iguatu CE (Brazil), uma semana após a pulverização aérea de herbicida (2,4D associada a outros). Já me reeferi a esta pulverização em uma postagem feita neste blog um dia após a mesma ("Onde há fumaça... Há veneno) As fotos por sí mostram a severidade e intensidade do bombardeiro e também denunciam os métodos empregsado durante a operação tais como altitude dos vôos, ataque indiscriminado, extensão da área, topografia e relevo da região bem com  a grande biodiversidade afetada além do solo e da água.
Paulo Maciel - engo. agrônomo

sexta-feira, 25 de março de 2011

Sobre uma certa visita...

Parece que este filme eu já vi....
Com a visita de um certo caçador chamado Bush (O PAI )...
Ele nem sequer sabia onde era o Brasil...Lembram?
Mas o outro Bush (O FILHO)
sabia muito bem onde estava o petróleo...
Claro que estava no subsolo do Iraque,
a uma profundidade um pouco maior
que aquela do buraco onde se escondeu o Saddam...
Mas desta vez, o petróleo ainda está mais fundo
(pre-sal?!)...
Realmente precisamos do (ESPÍRITO SANTO) Obama para nos salvar...
AMÉM...hahaha...

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Desastre em Fukushima (O Desafio da Segurança Nuclear)

Queridos(as) leitores (as), são profundamente lamentáveis os fatos que ocorreram no Japão desde sexta-feira passada, quando um terremoto de magnitude 8,9 graus na Escala Richter (escala logarítmica de magnitude local - ML) sacudiu o país (que depois foi seguido de vários outros tremores secundários); e, se não bastasse, a situação que já era desesperadora, seguiu a Lei de Murphy que numa de suas muitas formas diz: “o que está ruim sempre pode piorar”.
O tsunami que seguiu o forte tremor arrasou cidades inteiras e matou vários milhares de seres humanos neste que já é um dos maiores desastres da história. A situação no país agravou-se exponencialmente devido a instabilidade nos reatores da usina nuclear de Fukushima, que tiveram o sistema de resfriamento de seus reatores comprometido, deixando desprotegidas as barras do combustível nuclear e provocando vazamento de radiação para a atmosfera, num acidente que pode se igualar ao pior da história: o acidente nuclear de Chernobyl.
Mas, o que é energia nuclear e como funciona uma usina nuclear? Bem, Energia Nuclear é a energia liberada numa reação em que estão envolvidos os próprios núcleos dos átomos. Ressalte-se que quando os fenômenos são elétricos apenas os elétrons, que estão na periferia dos átomos estão envolvidos. Desse modo, desde a eletricidade estática (como os pelos de seu braço sendo atraídos pelo tubo do televisor) até o acendimento de uma lâmpada quando você aciona o interruptor de sua residência, tem a ver com elétrons e não com prótons e nêutrons (envolvidos nas reações nucleares).
A famosa equação da equivalência massa-energia (E = m.c2), formulada por Einstein em 1905, estabelece que energia e massa são na verdade dois lados de uma mesma moeda e podem ser intercambiáveis. Observe que, como a velocidade da luz possui um valor muito elevado, aproximadamente 300.000 quilômetros por segundo, uma pequena quantidade de massa multiplicada por este valor irá resultar em uma quantidade imensa de energia. O processo de obtenção de energia através da fissão foi observado por Hanh, Strabmann e Meitner depois da irradiação de urânio com nêutrons.
Deve ficar claro que as usinas nucleares tem a finalidade de produzir energia elétrica e não fabricar ou explodir como uma bomba atômica (nestas a reação ocorre de forma descontrolada, explodindo e liberando uma quantidade imensa de energia e calor; naquelas, as reações ocorrem de forma controlada, convertendo o calor da reação para movimentar turbinas e produzir eletricidade.
Os reatores nucleares também não são de natureza única; existem os Light Water Reactors (Reatores de Água Leve), os Heavy Water Reactors (Reatores de Água Pesada), os Breeders Reactors (Reatores Incubadores) entre outros, que recebem o nome dependendo da substância usada para resfriamento das barras de Urânio-235. A maioria dos reatores utilizados hoje é do tipo Light Water Reactors. Porém, os próximos reatores, que ainda estão em fase de desenvolvimento conceitual, serão chamados de MSR, ou Molten Salt Reactors (Reatores de Sal Fundido). O Brasil possui atualmente 02 usinas nucleares prontas (Angra – 01 e Angra – 02), e uma em construção prevista para ser inaugurada em 2015 (Angra – 03).
Uma das grandes preocupações no que diz respeito às usinas nucleares é no que diz respeito ao destino dos resíduos tóxicos (resultantes dos processos de fissão ocorridos nos reatores). Essa preocupação é extremamente pertinente, pois uma quantidade de apenas 01 grama de Plutônio-239 (um dos resíduos) é suficiente para matar um ser humano, e 01 kg do material seria suficiente (em tese), para extinguir totalmente a população humana no longo prazo. E o acidente de Chernobyl (na antiga União Soviética)? E o de Three Miles Island (USA)? E o de Goiânia com o famigerado Césio – 137? A segurança das usinas é algo que precisa ser urgentemente revisado.
Oremos a Deus pelo Japão e seus habitantes. Fiquem com Deus e tenham um ótimo final de semana.
Frank Wagner - professor do IFET Iguatu CE

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cumaru, alternativa de sustentabilidade para o semiárido.


Está sendo conduzido, no município de Quixeramobim, na sede do Núcleo de Educação Ambiental do IBAMA, um experimento testando o cumaru (Amburana cearensis) em sistema agroflorestal, como alternativa de renda para o semiárido.
O cumaru é uma das espécies nativas da caatinga, sendo uma planta de múltiplas utilidades, pois sua madeira de excelente qualidade, fácil de trabalhar e com aroma agradável, é vendida no comércio sob o nome de cerejeira. Suas raízes, entrecasca e sementes produzem a cumarina, princípio ativo que além de ser utilizado nas indústrias alimentícias (doces e biscoitos), de cigarros e tabacos, indústrias de perfume como fixador, é utilizado na produção de medicamentos como o xarope de cumaru ou lambedores caseiros, de largo uso popular, e de eficácia comprovada cientificamente como antinflamatório e broncodilatador (MATOS, 2002).  É uma árvore que pela beleza, pode ser usada como ornamental em projetos paisagísticos. Para recuperação de solos e restauração florestal de áreas degradadas é utilizada tanto na fase inicial como nas fases posteriores do reflorestamento, inclusive como mata ciliar, em locais com inundações periódicas de curta duração (MAIA, 2004). Em sistemas agroflorestais pode ser usada como quebra-ventos e faixas arbóreas entre plantações. Como forrageira suas folhas e vagens são consumidas pelos caprinos tanto verdes como secas e pelos bovinos depois de secas. É também de grande importância para a apicultura e meliponicultura pelo fato de fornecer néctar na estação seca do ano, figurando entre as 18 espécies mais utilizadas pelas abelhas nativas para coleta de pólen e/ou néctar e como local de nidificação, além da utilização da sua madeira na construção de colméias (MARINHO, et. al., 2002).
Pelo modo como é explorada, extrativismo vegetal, com a prática do “anelamento” da casca, comprome-se a sobrevivência da espécie no bioma Caatinga, ficando a mesma em risco de extinção. Daí a necessidade de maiores estudos sobre a produção de mudas do cumaru, levando-se em consideração a realidade local, pois os estudos e literatura especializada pouco levam em consideração as condições do semiárido.
O pesquisador, engenheiro agrônomo João Vianey Fernandes Pimentel, doutorando da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG-PB), já estudou a espécie em sua fase de mudas, onde foi avaliada a influência da água, esterco e cobertura morta (PIMENTEL, 2008). Um sistema agroflorestal foi implantado, onde o cumaru foi consorciado com milho e feijão, sob diferentes quantidades de esterco e cobertura morta, em condições de sequeiro. Investigou-se, também a produção de plantas jovens, em canteiros irrigados, para produção de massa vegetal (raiz, caule e folha), que em sete meses pode ser colhido para fins industriais e farmacêuticos.
A área da pesquisa está aberta ao público, principalmente aos agricultores familiares, interessados em implantar o sistema.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Visitas desejáveis e visitas inoportunas/Desirables Visitors and unwelcome Visitors

Se algúem visita minha casa, / If someone visits  my house
 é porque confia em mim. / It is because he trust me.
Se eu recebo alguém na minha casa, / If I sheltering someone at my house
É porque confio nele. / It's because I trust him.
Se eu, / If I,
como anfitrião, / as host,
não consigo lhe dar o conforto e a certeza de que será bem tratado,/ I can’t give him comfort and assurance that he will be well treated,
É melhor que não o convide. /  It is better not to invite him.
Se ele, / If he,
como meu convidado, / as my guest,
não se sente confortável e seguro no meu lar, / does not feel comfortable and safe in my home,
com a minha família... / with my family ...
É razoável que não venha! / It is reasonable that he do not need come!

Paulo Maciel

domingo, 13 de março de 2011

Onde há fumaça…. Há veneno

Aviação americana despejando agente
laranja sobre florestas do Vietnam
O uso de herbicidas vem sendo questionado há muito. O caso que se tornou ícone foi a utilização de desfolhante "agente laranja" e napalm nas florestas  do Vietnam com a finalidade de desfolhar as florestas daquele país. Vários produtos químicos usados com a finalidade de abater parte da vegetação já tiveram seu uso banido em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Entretanto, sabe-se que muitos deles continuam sendo comercializados e aplicados indiscriminadamente em larga escala. Conhecemos entre nós o Tordon ( 2,4-Diclorofenoacético, mais conhecido como 2,4-D -  herbicida largamente utilizado contra dicotiledôneas de pastagens) e outros. O uso de tais substâncias tem seguido várias técnicas de aplicação, desde as pulverizações com bombas costais, passando pelos pulverizadores tratorizados e pela pulverização através da aviação agrícola.
Em regiões de monocultivos extensos, como é o caso do Centro Oeste brasileiro, o uso da aviação agrícola tem crescido e vem sendo usado extensamente pelo agronegócio da soja, do algodão e de outras “commodities”. Lá, são grandes áreas com espaços suficientes para atender a uma legislação precária e permissiva a respeito do uso de tais substâncias, mesmo com os efeitos colaterais sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas. Estudos indicam o Brasil como o maior consumidor mundial de herbicidas. Destarte legislação e normas, os noticiários bem como diversas organizações ambientalistas denunciam constantemente  os desvios de conduta de certos agropecuaristas ou grandes agricultores pelo uso indevido ou em descumprimento da legislação no tocante ao uso de agrotóxicos, mormente, herbicidas pulverizadas às toneladas por aviões agrícolas que travam verdadeiros bombardeios aéreos nas áreas rurais.
Finalmente, a prática da pulverização de herbicidas via aérea chega a Iguatu (Estado do Ceará). Cá entre nós (na região de Iguatu), não vicejam os campos de soja, nem algodoais, nem qualquer outro monocultivo praticado em grande escala a exemplo de outras regiões do Brasil.
Aqui, a agricultura predomina nas pequenas propriedades. Trata-se de uma  agricultura familiar, rudimentar (arroz, feijão, banana, goiaba, milho, tudo em pequena escala), que já faz certo uso de agrotóxicos aplicados por mãos calejadas de agricultores que se envenenam a cada dia mediante o uso de bombas costais para pulverizarem suas pequenas áreas com venenos (herbicidas, fungicidas, inseticidas...todos biocidas).
Ora, se não temos as grandes áreas de monocultivos de outras regiões do país, o que vem fazer aqui um avião pulverizador de herbicidas? Por que, então, e onde ocorre a aplicação de herbicidas com aviões no nosso municipio?
Quem nos forneceu esta resposta foi o próprio piloto de um avião que tem despejado seus venenos aqui na região. Em entrevista a Radio Mais FM, o repórter J. Guedes pergunta ao Sr. André Monteiro, o que ele veio fazer em Iguatu e ele afirma:
“pulverização de pastagens com herbicidas... com um avião particular emprestado pra um empresário da cidade, o Sr. Raimundo (Raimundinho do fumo) e seus amigos”
 A resposta do piloto nos possibilita perceber que a atividade de pulverização vem sendo praticada por poucos proprietários da região que têm na pecuária seu objetivo. Por outro lado, esta pulverização  põe em risco a atividade agropastoril de muitos agricultores familiares que possuem ou plantam pequenas propriedades no entorno de algumas poucas e grandes propriedades, além do efeito residual sobre a saúde das populações que vivem nas proximidades onde são feitas estas operações.
Outra resposta do piloto,  afirmando ser uma atividade economicamente viável fazer este tipo de pulverização,  além de reforçar a racionalidade econômica de grandes proprietários, ao referir seu discurso a uma prática evidentemente fora da nossa realidade (sojicultura e cotonicultura em escala),  demonstra um total desconhecimento do nosso ambiente. Vejam as palavras dele, ao responder ao reporter se a pulverização é viável:
“é viável, é viável sim porque dependendo do tipo de plantio, uma soja ou um algodão, você não vai ter um amassamento de solo, com a utilização de aeronave. Com  o amassamento do solo você perde de 3 a 6 por cento do total da área...e  com pulverização aérea você não tem o amassamento do plantio”
Esta história contada pelo piloto teve desdobramentos posteriores, simultaneamente a entrevista citada. Agricultores da região de Cardoso I colocaram suas preocupações com perdas nos plantios de feijão e banana. Donas de casas reclamam de mortes em galinhas. Outros agricultores que estavam nas proximidades da localidade de Colosso (localizada na aba da serra do Morais – distrito de Alencar), reclamam de coceiras nos olhos e no corpo e ainda reclamam de perda nos plantios de feijão. Sobre o efeito do Tordon na saúde humana um  documento da Organização Mundial da Saúde – OMS, destaca efeitos deletérios que o composto de nome comercial TORDON pode causar à saúde humana. Dentre esses se destacam a formação de dioxinas, substâncias sabidamente cancerígenas.
Alguns apicultores também colocam suas preocupações no tocante a perda de florada apícola por conta dos resíduos espalhados na redondeza, bem como a contaminação do próprio mel. Agricultores orgânicos (Sítios Carnauba e Cardoso I) também se preocupam com a contaminação residual de sua produção, além de uma possível contaminação das águas freáticas com as quais irrigam suas hortas e lavouras bem como utilizam no próprio consumo para si e para seus animais. Neste sentido a OMS alerta para a pouca segurança ambiental do Tordon e o risco desta substancia permanecer no solo ou em microorganismos por longo tempo.
Uma outra preocupação que me vem no momento relaciona-se ao fato de que as pulverizações são feitas sobre áreas íngremes. São os serrotes típicos da região, montante próxima ao açude Orós, onde foram observadas as pulverizações (ex. Serra do Morais – Alencar). Estes acidentes geográficos dificultam os vôos rasantes próprios deste tipo de operação aérea e, consequentemente, espalham o produto por aéreas maiores do que aquelas supostamente programadas. Os efeitos deste espalhamento é obvio acarretando desfolhamento de espécies arbustivo-arbóreas nativas além do limite formalmente programado e também de cultivos circundantes  pertencentes a pequenos agricultores. Mais uma vez a entrevista  dada pelo Sr. André Monteiro, nos aponta o risco da operação. Segundo ele, a altura necessária do vôo da aeronave para não “perder o alvo”é entre 1 m e 3 m sobre o solo. Seria isso possível de ser realizado por um piloto com muita habilidade, em condições atmosféricas estáveis e em terreno de relevo plano. Quem conhece a Serra do Morais sabe perfeitamente que este não é o caso.
Agrego aqui outras perguntas que não foram feitas ao piloto mas, certamente ajudariam a elucidar o que realmente vem ocorrendo.
Existe licenciamento ambiental e receituário agronômico para uso de produtos químicos através de aviação agrícola em Iguatu?  Se existe, estaria este documento disponível para consulta pública?
Qual empresa é responsável pela pulverização de tais produtos?
Quem são os usuários da aviação agrícola no município de Iguatu?
Que produtos estão sendo utilizados (princípios ativos)?
Qual finalidade declarada (no caso de existir receituário) para o uso de tais produtos?
Qual extensão de áreas estão sendo pulverizadas?
Quais medidas de segurança são adotadas para mitigação de impactos ou contenção de acidentes?
E, para concluir, uma outra pergunta ao Sr.Marcos: o senhor acertou quantos alvos?
Paulo Maciel – Engo. Agrônomo

segunda-feira, 7 de março de 2011

8 DE MARÇO - MUITAS ROSAS E MARGARIDAS FLORESCEM

O dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher - tem uma importância singular no sentido de afirmar uma sociedade aberta e sócio-biodiversa. A origem desse dia está na luta das mulheres por condições dignas de vida, trabalho e bem estar com respeito a natureza sem distinção de gênero. Ocorre que a opressão exercida sobre a mulher na sociedade de classes vem de uma afirmação milenar reafirmada por todas as formações sociais anteriores, desde o sistema escravocrata e feudal até o capitalismo atual. Por isso o valor emancipatório humano da luta pela igualdade de gênero, transcende as relações de produção material e vão além colocando matizes que apontam a própria relação gênero x natureza.
Não é diferente na sociedade brasileira, desde os primeiros momentos da colonização. Entretanto floresceram entre nós muitos exemplos de força e de luta.
Margarida Alves da Silva, de Alagoa Grande PB, foi uma mulher camponesa de muita fibra. Com certeza não foi a única que ousou ocupar um terreno que, de acordo com a ótica dominante não lhe pertencia, nem como gênero nem como classe social: mulher e camponesa pobre, mas poucas chegaram ao seu posto de liderança social rural que se tornou ícone de nossa gente.

A postura histórica do Estado brasileiro,  desde  sua origem, no tocante ao não enfrentamento da questão fundiária, abandonando a agricultura familiar à sua própria sorte, culminou com o agravamento dos conflitos das últimas décadas do século XX. Se o descaso propositado com a questão fundiária produzia chagas sociais profundas, imagine-se  o sofrimento daquelas pessoas responsáveis pela sobrevivência das gerações, as mães.

O êxodo rural realizado por milhares de famílias em busca de melhores condições de vida gerou movimentos migratórios dentro do país entre as diversas regiões, mas o êxodo dos nordestinos foi e continua sendo dos mais significativos pela  contundência dos sofrimentos sociais que acarreta. Nestes movimentos é desnecessário dizer o sofrimento particular de mães que ficavam nas terras exauridas e assumiam o papel de cuidar da prole, ou das mães que batiam em retirada da seca – e do modelo econômico excludente, conduzindo suas famílias como se o cordão umbilical não houvesse se partido, enquanto homens “ganhavam o mundo” em busca de recursos.  Concentração de terras e rendas nas mãos de poucos e exaustão dos recursos naturais  – forçando a fuga; o desemprego e favelizaçao das periferias urbanas, aliados a violência e marginalização urbana – desfazendo sonhos de alivio da sua penúria.  A agricultura priorizada pelas políticas do Estado brasileiro sempre foi, e continua sendo, agroexportadora – monocultura - que evoluiu ao agronegócio (masculino!) e que atende ao mercado global, em detrimento da agricultura familiar (feminina!) que alimenta a grande maioria da população brasileira.

Foi nesse contexto em que floresceu uma Margarida (Alves da Silva) especial. E como todas margaridas,  plenas de vida, foi ela que ofereceu sua própria vida para que sua memória perdurasse na luta por um mundo melhor. Margarida foi morta na porta de sua casa no dia 12 de agosto de 1983, na presença de sua mãe, seu marido e filho, com um tiro de espingarda no rosto.

Fica aqui nossa homenagem ao dia da mulher e também nosso estímulo à luta por relações de gênero socialmente justas, ecologicamente equilibradas e economicamente sustentáveis.
Meu abraço,
Paulo Maciel

quinta-feira, 3 de março de 2011

'Senhor das Formigas' ganha prêmio espanhol de ecologia

Saúvas cortando folhas de Moringa à noite
Eco-comunidade Carnaúba, Paulo Maciel
MADRI — Edward Wilson, conhecido biólogo americano, apelidado de "O Senhor das Formigas" por suas inovadoras pesquisas sobre estes insetos, foi agraciado nesta terça-feira na Espanha com um prêmio de 400.000 euros (540.000 dólares) pelo conjunto de sua obra.
Hoje com 81 anos, Wilson foi o primeiro cientista a descrever o comportamento social das formigas, declarou a Fundação BBVA em um comunicado, após ter concedido o prêmio Fronteiras do Conhecimento na categoria Ecologia e Biologia da Conservação.
Este cientista conseguiu demonstrar que as formigas usam feromônio, uma substância química, para se comunicar e escolher seus itinerários, destacou o comunicado.
Segundo o júri, o biólogo também inventou e vulgarizou o termo "biodiversidade".
Após ser informado na véspera sobre a decisão dos jurados, Edward Wilson disse que considerava o prêmio "uma distinção maior", informou a fundação BBVA.
Segundo a organização, Edward Wilson, professor emérito da Universidade de Harvard, não perdeu o interesse pelas formigas.
"Obviamente prestarei atenção nelas quando chegar a Madri para a cerimônia de entrega dos prêmios", declarou aos jurados.
"Com exceção dos humanos, as formigas possuem o sistema social mais complexo de todas as criaturas vivas da Terra. As pessoas me perguntam com frequência como faço para comparar as formigas aos homens e eu os faço observar que o estudo das formigas teve um enorme impacto no estudo do comportamento humano", acrescetnou o cientista.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Notícias da Eco-comunidade Carnaúba

O inverno (como chamamos aqui no Ceará a estação chuvosa), continua bem regular. Chuvas suficientes e bem distribuidas no tempo e no espaço. Quem é da agricultura sabe como é importante para o desenvolvimento das culturas que as chuvas ocorram assim.
Portanto, em termos de chuvas, não temos do que reclamar. Então teremos uma safra boa este ano no Estado?
Não necessariamente. Houveram em muitos casos atrasos nos plantios ocasionados por diversos fatores e estes atrasos trazem uma dessincronizaçao com o tempo ecológico. Quem entrou no rítmo logo no início de janeiro está seguindo o curso natural das culturas. Quem se atrasou, teve dificuldades para preparar as áreas de cultivo e se conseguiu implantar seus cultivos em fevereiro poderá ter dificuldades por excesso de chuvas com os cultivos na fase inicial de crescimento.
Bem, nós, por aqui, estamos indo como o tempo ecológico nos permite pois entramos sincronizados. Nossos cultivos crescem, o pasto também. Problemas como lagartas, fungos, formigas...fizemos os devidos contornos sem utilizarmos uma gota de agrotóxico. Da mesma forma estamos conseguindo contornar as ervas espontâneas sem o uso de herbicidas e sem a eliminação, apenas manejando ou atrasando-as dando tempo aos cultivos saírem na frente.
Paulo Maciel

terça-feira, 1 de março de 2011

Certificação Participativa

O Ministério da Agricultura divulgou avaliação mostrando que cerca de 9,5 mil produtores de orgânicos já estão de acordo com as novas regras do setor. As normas começaram a valer desde o dia 1º de janeiro deste ano. “A meta do Ministério é chegar ao número de 15 mil agricultores cadastrados no sistema, que vale para todo o país, até o final deste ano”, destaca o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Rogério Dias. As informações foram divulgadas durante a Reunião da Câmara Setorial de Agricultura Orgânica, que começou ontem e termina hoje.
O agricultor que ainda não se cadastrou no sistema deve se adequar às novas regras e vincular-se a alguma entidade certificadora. Aqueles que fazem venda direta devem se cadastrar no site do Ministério da Agricultura. Os interessados também podem procurar as superintendências federais do ministério para as orientações sobre o processo de regularização. “Hoje temos três certificadoras atendendo aos interessados e três sistemas participativos. Além do credenciamento, em andamento, de mais cinco certificadoras e dois sistemas participativos”, reforça Rogério Dias.
Dias explica que a legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade dos alimentos: a certificação, os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação. Os agricultores que buscarem a certificação e estiverem de acordo com as normas poderão usar o selo oficial nos seus produtos. “O selo é fornecido por certificadoras cadastradas no Ministério da Agricultura que são responsáveis pela fiscalização dos produtos”, explica o coordenador de Agroecologia.
http://www.correiodoestado.com.br/