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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

INCÊNDIO NA LAGOA DO COCOBÓ

Iguatu já foi considerada a terra das 10 lagoas. De fato passava de dez o número de lagos naturais existentes dentro e ao redor de nossa cidade, mas como as pessoas gostam de números fortes, pronto, ficou sendo dez lagoas! Gostassem os nossos munícipes menos de números e mais da lagoa em sí, mesmo que fosse uma única lagoa, por minúscula que fosse, daríamos mais valor a esta beleza natural tão salutar para a vida de todos em todos os aspectos. A lagoa do Cocobó é uma das últimas remanescentes destes lagos naturais que amenizam o nosso clima, embelezam nosssa região e forneceram alimento por séculos às populações. Como outras irmãs gêmeas ainda existentes, vive em seus estertores de morte.
Não bastasse o soterramento diário que vem sofrendo há décadas, a deposição de entulhos e lixo e o lançamento de esgotos a céu aberto, o que diminue a profundidade da bacia, polui suas águas e descaracterizam suas margens, sufocam a vida da fauna e flora, promovem o desequilíbrio entre espécies e favorecem a proliferação de insetos que podem trazer doenças à população ocupante da área, a especulação imobiliária arregaça e rouba suas margens de maneira aviltante.
Hoje, quando eu passava a pé pela pedra do Cocobó (acidente geográfico que dá nome à lagoa), vi uma nuvem de fumaça que se estendia por toda a margem norte  e avançava recobrindo a cidade. Era um grande incêncio provocado que formava uma cortina de fogo em toda a margem norte da lagoa do Cocobó.
O bairro que ocupou parte da lagoa bem como outros prédios da Avenida Cruzeiro do Sul e outros bairros próximos estavam recobertos pela fumaça e o fogo ameaçava invadir as proximidades. O corpo de bombeiros foi chamado ao local, mas seus esforços pareciam insensatos, dada a dimensão do fogo. Custosamente, bombeiros conseguiam conter o avanço sobre o patrimônio imobiliário, diminuindo um pouco a extensão da tragédia, pois certamente se o incêndio atingisse as construções traria prejuízos fáceis de contabilizar, além de risco de morte para pessoas, mas a vegetação ainda existente foi destruída sem que se pudesse fazer muito.
Certamente a vida silvestre ali existente, pricipalmente de aves aquáticas que utilizam esta vegetação para abrigo, nidificação e reprodução, foi vitimada e, infelizmente, ainda não se sabe fazer a contabilidade deste prejuízo pois a sanha da especulação imobiliária não constrói casas para pássaros. Tampouco se faz as contas de quanto custa retirar populações habitantes de áreas antes ocupadas pelas lagoas. Esta conta, diga-se de passagem, todos nós pagamos através de impostos, mas nunca se calcula ou se publica estes números. Também não se calcula quanto custa o tratamento de doenças provocadas pelos desequilíbrios promovidos ao meio ambiente e muito menos se sabe quanto custa poluir as águas dos nossos lençóis por conta do lançamento de esgotos sem qualquer tratamento sobre as lagoas de nosso município.
Despeço-me por enquanto, pois o calor está infernal, mas pensem bem!
Paulo Maciel