Na mesma semana em que a Câmara dos Deputados Federais pôs abaixo o Código Florestal Brasileiro, soma-se três o número de líderes de agricultores mortos. Depois do casal, José Cláudio e Maria, agora foi a vez de Adelino Ramos, líder do MCC - Movimento Camponês corumbiara. Adelino foi abatido a tiros na periferia de Porto Velho, quando vendia verduras trazidas do acampamento de agricultores do qual fazia parte. Há mais de dez anos ele havia sobrevivido ao massacre de Corumbiara (1995) onde morreram 10 de seus companheiros sem terra. Adelino, como José Claudio, também já havia anunciado sua morte e já havia buscado apoio junto ao Estado (2009). Ele também sabia que vivia com "uma bala na cabeça" por defender a floresta contra os madeireiros da região.
A semelhança do "modus operandi" dos criminosos, a coincidência de datas, a escolha dos alvos, nos deixam sinais visíveis de que há por trás muitos interesses em jogo e que as forças, nem tão "ocultas" assim, que encomendam tais crimes se sentem confiantes e fortes por conta de uma conjuntura permissiva em relação a prática de crimes ambientais, mormente agora em que um instrumento legal de defesa das nossas florestas está posto em xeque por conta da atitude de congressistas.
Urge que a sociedade brasileira se articule com mais força ainda e rapidamente, no sentido de minimizar os males do projeto-lei aprovado pelos deputados. No Senado já não é possível fazer muito dada a composição conservadora do mesmo. Só há uma força capaz de demover os espíritos daqueles que nos ditam leis: povo nas ruas, campanha na mídia, internautas em alerta e fazendo-se ouvir por toda parte.
Até quando? Com certeza muitas ameças virão mas a luta não pára. Vamos para o "segundo tempo" do jogo, um "empate" suado já será uma vitória.
Paulo Maciel