A crise global do sistema financeiro internacional é avassaladora e interminável. Deixa por onde passa seu rastro. Funciona como dominós enfileirados (imagine cada país representado por um dominó), bastando um deles cair para ir arrastando os outros e todos vão caindo um após outro. Alguém já disse que uma corrente quebra no elo mais fraco. Seria a Grécia o dominó da vez? Após esta, quem viria? Portugal ou Espanha? E entre os “emergentes”, quem será o primeiro? Quais as consequências desta crise? Que soluções se apresentam? Quais os beneficiários das crises e das soluções?
Interessante é perceber que por trás das soluções apresentadas, não aparecem propostas de origem nos movimentos sociais. Mesmo naqueles países que são dirigidos por partidos historicamente colocados como do campo das esquerdas, inclua-se o Brasil que é gerido pelo PT, as propostas de solução apontam no sentido da intensificação da produção material visando com isto um aumento de consumo, o que por sua vez (supõe-se) geraria mais empregos, e blá, blá, blá.
Nenhuma linha é escrita, nenhuma palavra é pronunciada no sentido da redução da jornada de trabalho sem redução de salários. Precisa dizer que redução de jornada de trabalho abre possibilidades enormes de geração de novos postos de trabalho?
Nada é discutido no sentido de gerar postos de ocupação em atividades voltadas para a elevação da satisfação intelectual humana. Por exemplo, trabalhadores liberados do trabalho exaustivo, teriam tempo para participarem e “consumirem” produtos da “economia criativa” o que por sua vez demandaria a criação de postos de trabalho qualitativamente superiores, sem falar em toda uma circulação daí decorrente.
Igualmente têm sido abandonadas ou pouco valorizadas as atividades de recuperação ou mitigação da degradação ambiental por que passa o planeta. Quanta economia pode girar em torno de obras recuperadoras de ambientes degradados! Reflorestar, recuperar lagos, rios, limpar o que foi sujo pela insanidade, gera postos de trabalho, sabiam senhores?
Por outro lado, o ciclo virtuoso dessa economia faria desenvolver a capacidade criativa, estimularia o desenvolvimento das artes, ofertaria em médio prazo um ambiente mais saudável fisicamente e culturalmente falando, aliviaria o peso do trabalho árduo, contribuindo para a libertação do espírito humano e sua elevação a um patamar mais digno...
Na Grécia de hoje, surgem os sinais da crise do sistema financeiro internacional, mas também de lá veio há milênios, um aviso: “Decifra-me ou te devoro” não era isso o que dizia a Esfinge aos que ousavam enfrentá-la?
Paulo Maciel
Paulo Maciel